sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

OS ESCRITORES QUE DEVES CONHECER

África também é berço de grandes escritores. Muitos desconhecidos por aqui. Todos têm em comum a influência de suas raízes, de sua terra, sua cultura, sua beleza e suas mazelas sociais e políticas.

O continente Africano é imenso, cultural e possui uma natureza exuberante. No entanto, é também cenário de conflitos étnicos-religiosos, miséria e ditadores corruptos. Uma região cheia de contrastes profundos, da África do Sul que foi fortemente colonizada pelos europeus e mais parece um país da Europa, à Somália e Serra Leoa, quase tribais. No continente Africano, estão os países mais pobres do mundo. A região costuma ser vista com certo desdém pelo ocidente que baseia suas ideias apenas em estereótipos e tem por ela indiferença ou comiseração.
Mas África também é berço de grandes escritores. Muitos desconhecidos por aqui. Todos têm em comum a influência de suas raízes, de sua terra, sua cultura, sua beleza e suas mazelas sociais e políticas.
Abaixo falamos sobre alguns deles.

1 – J.M.Coetzee
 
John Maxwell Coetzee nasceu, em 1940, na cidade do Cabo, considerado um dos melhores escritores da África do Sul. É romancista, ensaísta, crítico literário, linguista e foi professor de literatura na cidade do Cabo. Completou dois bacharelados em sua cidade natal, um em Língua Inglesa, outro em matemática. Viveu por quatro anos na Inglaterra exercendo a função de programador de computador e fazendo pesquisas para uma tese sobre o ficcionista inglês Ford Madox. Na década de 1970, seu pedido de moradia permanente nos Estados Unidos foi recusado em virtude de sua participação em protestos contra a Guerra do Vietnã. Sua vida literária tem início em 1969 quando escreve sua primeira ficção, Terra de Sombras, publicada em 1974. Neste romance ele faz uma analogia entre os invasores norte-americanos no Vietnã e os primeiros colonizadores na África do Sul. Em 2003, foi premiado com o Nobel de Literatura. Coetzee não costumava fazer uso dos tons realistas do apartheid em seus escritos; não de forma direta. Seus romances procuram um tom mais íntimo sobre personagens essencialmente humanos tentando viver sob as determinações perversas de uma autoridade constituída. Seu romance mais recente, A infância de Jesus, foi publicado em 2013, no qual “Jesus” pode ser um menino comum da atualidade, embora o período histórico não esteja bem definido.

2 – Wole Soyinca


Wole Soyinca é desconhecido no Brasil. De origem humilde, nasceu em 1934, na Nigéria. Em 1986, foi agraciado com o Nobel de Literatura. É considerado o dramaturgo mais notável da África. Em 1954, ele partiu para o Reino Unido, matriculando-se no curso de Literatura Inglesa, da Universidade de Leeds, que concluiu em 1959. Enquanto estudante apaixonou-se pelo teatro e levou aos palcos algumas peças de sua autoria. Em 1972, publicou The Mand Died (obra censurada na Nigéria), sobre sua experiência no cárcere. No mesmo ano, ele resolveu deixar o país e partir novamente para a Inglaterra, onde tornou-se professor no Churchill College de Cambridge e obteve o título de doutor pela Universidade de Leeds. Durante esse período, publicou obras como Jero’s Metamorphosis (1972) e Death And The King’s Horsemen (1975).
Soyinca regressou à Nigéria, onde passou a ocupar o cargo de professor catedrático de inglês na Universidade de Ife, mas em 1994, teve que deixar o país após participar de uma marcha de protesto contra o ditador Sani Abacha, retornando em 1998 após a morte de Abacha. Em 2001, ele publicou King Baabu, uma paródia dos ditadores africanos. Soyinca foi incansável em protestar em suas obras contra a corrupção e a sede de poder em seu país. Dizem que muitos de seus escritos tratam do que ele chama de “the oppressive boot and the irrelevance of the colour of the foot that wears it”, ou seja: o coturno opressivo e a irrelevância da cor do pé que o calça.

3 – Mia Couto


Mia Couto, pseudônimo de Antonio Emilio Leite Couto, nasceu em julho de 1955 em Moçambique. Mia é bastante conhecido no Brasil. Seus livros são publicados em mais de 22 países e traduzidos para o alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano. Em sua obra, o escritor tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Ele chegou a estudar medicina mas abandonou a área, e em 1974 passou a exercer a profissão de jornalista. Mia abandonou a função de diretor da Agência de Informação de Moçambique para continuar os estudos universitários na área de biologia, onde tem sido bastante ativo, tendo fundado uma empresa que faz estudos de impacto ambiental em Moçambique. Em 1983 publicou seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho. Além de poesia, escreveu contos, crônicas e romances. Seu primeiro romance, Terra Sonâmbula, foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX.

4 – Chinua Achebe

 
Outro grande escritor africano da Nigéria, Albert Chinualumogu Achebe nasceu na aldeia de Ogidi, em Igboland, na década de 1930, trinta anos antes da Nigéria se libertar do domínio colonial britânico. Achebe foi romancista e poeta e escreveu cerca de trinta livros (romances, contos, ensaios e poesia). Em algumas de suas obras, fala da depreciação que o ocidente faz da cultura e a civilização africanas, bem como dos efeitos da colonização do continente pelos europeus, mas também criticou abertamente a política nigeriana. Sua obra mais conhecida, O Mundo se Despedaça, foi publicada em 1958, quando ele tinha 28 anos, e foi traduzida para mais de cinquenta línguas. Outros destaques são: A Paz dura pouco, A Flecha de Deus e A Educação de uma criança sob o protetorado britânico. Em 1944, Achebe ingressou na University College of Ibadan onde estudou Teologia, História e Língua e Literatura Inglesas, e renunciou ao seu nome britânico em favor do seu nome africano. Foi professor catedrático de Estudos africanos na Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, tendo também recebido o título de doutor Honoris Causa de várias universidades de todo o mundo. Achebe viajou pelo continente africano e pela América e tornou-se uma figura central do movimento literário nigeriano, que baseava suas obras na tradição oral das tribos indígenas do país. Embora escrevesse em língua inglesa, procurava sempre incorporar vocábulos e narrativas Igbo da região onde nasceu.

5 – Ondjaki

 
Ondjaki é da nova geração de escritores. Nasceu em Luanda, Angola em 1977. Escritor e poeta, licenciado em Sociologia em Lisboa, é também artista plástico, ator e roteirista. Escreve contos e romances, alguns infanto-juvenis. Seu interesse pela literatura teve início bem cedo, aos 13 ou 14 anos. Costumava ler Asterix e outros quadrinhos similares, além de Gabriel Garcia Márquez, Graciliano Ramos e Jean-Paul Sartre. Na Etiópia ele foi reconhecido com o prêmio Grinzane for best african writer 2008. Seus livros têm sido traduzidos em diversos países, especialmente França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e China. Em outubro de 2010, ganhou no Brasil o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria Juvenil com o romance AvóDezanove e o Segredo do Soviético. Em 2013, recebeu o Prêmio Literário José Saramago por seu romance Os Transparentes. Ondjaki integra ainda a União dos Escritores Angolanos e a Associação Protetora do Anonimato dos Gambuzinos (seres do imaginário popular em Portugal e em algumas regiões da Espanha). Atualmente mora no Brasil, no Rio de Janeiro.
 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

CRÓNICA-RUAS ALIMENTADAS PELO DIABO

CRÓNICA
Ruas Alimentadas Pelo Diabo
 
Quando não sabia o porquê é que as pessoas deitavam-se mais para a direita invés da esquerda, assim que a noite os convidasse a navagar o subconsciente, os animais egoístas descobriram que os outros “animais” entre eles, alguns insensíveis não são assim tão diferente dos homens.
 
Aquilo que nós realizamos com a ânsia da perfeição têm conclusões animalescas se olharmos, e analisarmos nos erros dos outros a nossa existência como seres feito por um perfeito. As ruas que trilhamos são as mesmas em que cuspimos e limpamos, sujamos e criticamos. Essa noção paira também na cidade dos animais. «Quantas voltas o cão dá para se deitar?». As noites são escuras como claras que conseguimos acertar na boca e no peito delas! No amanhecer as influências biológicas nos situam em milésimos segundos em que bairro está; casa dormimos e a rua esquerda para o regresso. Mas, isto não sucede para todos.
 
As ruas do outro lado, há séculos que o vimos descalços; nus como a língua, mal estruturadas como a pronúncia de um Diabo lançado a ferram para a deriva de quem fez a noite. Para aqueles que o dia é mais uma hora e as noites são momentos propícios para exercitarem a sua forma mais humano. o lixo, buracos como desfiladeiros das termopilas forjadas pelo impulso da arte natural, é evocada sobre aos olhos dos citadinos; a sincronia das sucatas combinam com as velhas paredes molhadas de sangue e secas de ignorância onde é possível para que gatinha nelas divisar as escrituras gritantes como: deus aqui não existe! Onde estas pai natal «acredito ser escrito em épocas festivas ou seja, em Dezembro», fuck you. Escritas avermelhadas que trouxeram-me a memória o pensamento de serem escritas com sangue ou pinchadas por uma outra substancia que inalavam a dois mil anos os macacos das zonas polares. Todo o cuidado é pouco quando se pensa olhar naquelas paredes que gotejam urinas como se fossem fontenários partidas há seculares no azar de não seres o penúltimo a seres sugados por um morcego negro, fossas abertas e nauseabundas, esgotos entupidos onde podemos observar ossos cranianos; costelas e farrapos entre os arames parecendo serem esquecidas por uma civilização desconhecida para o homem actual.
 
Aqui a lei são simples regras que se fundamentam em testemunhos de ter passado nestas ruas homens perfeitamente alienados. As pessoas como os cães andam completamente nus sob a ilusão de um mito que prevalece até aos dias de hoje «quando deus criou Adão e Eva o fez segundo a sua semelhança, nus como deus, então nós somos a sua imagem e semelhança». Observam-se na pele destes uma harmonia de números esteticamente incompreensíveis, que descem aos braços até as pontas das unhas compridas e escuras. As árvores andam cortadas que de noite observam-se folhas, e corpos voadores em ritmos pasmódicos no som de indivíduos desprotegidos pedindo socorro! Não são apenas vozes de mulheres como de homens que rugem no tom de leões nas florestas que impediram alguns ciclos de desenvolvimento e povoação de áfrika, relativamente a outros locais.
 
Tudo começa nas paredes inacabadas e partidas, completamente desenhados dois corpos entram em colisões de forças centrípetas, passam dois iguais não dizem nada. Estes continuam como se fossem envenenados ou feitiçados. A força que sentimos em observar um macho magro quase esquelético a esforçar em gritarias de pois de alguns minutos, pareceu-nos que estivesse a pedir a um ser supremo que o consagrasse um lugar antecipadamente, onde só os imortais não respiram; mas, era tudo o contrário, quando estes sentissem satisfeito do feito inédito para o meu mundo, assim também acabava aí a sua geração. Não pôde constatar se de facto morrem ou são levados por um vento, «até que nestas paragem o vento não uiva», o certo é que o sémen que deita o macho ergue-se pelas paredes e nelas ficam o berro de uma história revelada; já para a fêmea, os cabelos caem e pregam-se entre as paredes, as costelas desligam-se do resto do abdómen e tenta fundir-se com o crânio do macho na tentativa de se criar um novo ser «que é impossível tal suceder durante os mil anos em que dormi nestas ruas» as nádegas voam para o lado oposto das entradas de cada saída, a lua faz dois dias sem nascer e três noites a terra treme e os pássaros voam em sentido contrario da nascente do sol, sem falar das árvores que no amanhecer do quarto dia vertem um líquido bastante pegajoso, que os africanos usam-no para colar utensílios domésticos; os americanos para fazer a sola para o sapato e os asiáticos comem em noites de plenilúnio amargurado.
 
Hoje de manhã constatou que a rua continuava descalça tal como, a encontrei, o costume tornou hábito e já não constitui novidades ver uma cadela a tossir e a última porta deste corredor continuar trancada a sete dias. Os números das portas que não têm paredes ou seja, portas sem casas alternam-se na medida em que a lua permanece três dias sem manifestar-se! E os números que me parecem estampadas no corpo invertem-se num desenho enrolado, que parte do abdómen contorna os rins e o peito e desce por detrás do pescoço com uma abertura bucal, lançando a língua para o risco das nádegas. – Isso não é estranho! Mas, eu vi nestas ruas.
Nas mesmas horas, cinco indivíduos deformados surgiram do nada, transpirando com a língua fora.
 
-ah, ah… nunca voei desta maneira, onde estamos? – Nas ruas do Éden, respondeu o outro, enquanto os três nas mesmas condições masturbavam-se com os olhos mirados a uma árvore seca, no exacto momento em que um líquido pasmódico escorregava de uma das paredes próximo a árvore, transformando-se no entanto, numa fêmea. Olhou despreocupada para a árvore, a ajoelhou e começou a rastejar-se como uma cadela em fase de cio; com os dedos compridos e cabeça calva, picava-se no ano na medida em que os dois últimos arrancavam os seios da mesma.
 
No fundo da rua estavam dois indivíduos curiosamente vestidos de branco e descalços, com a cabeça coberta de pó e um lenço preto sobre os ombros com umas inscrições brancas numa literatura que me pareceu ser uma língua conhecida na idade medieval. Nas mãos carregavam terços de uma imagem esculpida que me pareceu ser mulher lançando uma flecha a estes do cordão que encontrava-se nas destes; uma vara e um livro velhaco vermelho cujo, separador indicava ser usada a minutos, – assustei… não tinham olhos nem bocas! O macho inspirava um ar podre, e expirava moscas, a fêmea. Jogavam as mãos no ar quando abriam as pernas inclinando as costelas e automaticamente os braços para o meio das pernas abertas, num momento em que as vestes brancas tornavam vermelhos e rasgavam-se do corpo que não era na verdade um corpo senão um conjunto de vento que exaustou em segundos, quando ouviram a voz da fêmea que masturba-se de forma gótica a hibernar nos seus ouvidos, no outro lado. Era o fim de um cenário não ensaiado de seres jogados a esquerda de uma civilização pouco estudada, e abandonada sem explicação. Era o doce seco requintado no silêncio de um corpo amargo invertido na mitologia humana; foi o interlúdio de um ensaio desconhecido sob a pele e o coração de homens que não sabiam onde se deitar e caminhar.
 
Em todas as noites de domingo, as luzes prenunciam um cenário festivo; onde os corpos preparam-se para uma imersão noctívaga para refrear os espíritos mais próximos; o barulho dos assobios é forte, as bocas viram para o céu, abertas, gritam nomes do companheiro que estiver ao lado. Observam-se lenhas acesas, fogueiras cada vez mais incandescentes, lubrificando a pele negra de homens nus e mulheres a volta da fogueira dançando sem um ritmo harmonioso. De repente calam-se as vozes e um barulho ruidoso parte das nuvens, aí começa a festa… um Homem-Pássaro branqueado cai dos céus; arrebentam os sons de batuque, mulheres e homens, crianças e idosos cospem um na face do outro até que a saliva lubrifique de forma escorregadia o outro; as mulheres e as crianças rebolam-se na areia, os homens e idosos mastigavam o lume enquanto, o homem de asas mastigava os órgãos sexuais das mulheres mais velhas e nojentas, puxando-as com arrogância, como se estivesse esfomeado a três mil anos antes da terra. O sangue cai sem critério sobre o pescoço, e a vontade de continuar ainda era tanta, quando as mulheres preferiam masturbar-se para atingir a perfeição desta noite com os seus filhos, invés de entregar-se àquele que é o enviado das sombras para renascer as forças malignas enterras e, betumadas nas paredes destas ruas a dois mil anos antes das crónicas de Kaváfis.
 
Nunca faltou bebidas! Mas naquele dia, o esperma de alguns tornava a Amarula humana para a cede de muitos. As crianças bebiam a urina dos seus avós, as fezes borradas no rosto dessas crianças cheiravam tão mal que a mil quilómetros um homem do século XXI morreria de cheiro, e estas eram no fim convidadas a manusear as nádegas do homem que caiu dos céus.
 
Quando a madrugada espreitasse, os homens de vestes brancas surgiam para algumas rezas, mas desta vez vinha de cavalos e uma cruz no qual estava pregada uma mulher de cabelos curtos, seios hirtos, virada as costas da mesma forma que foi pregada, apresentando as nádegas rasgada com espada e furadas com prego. Um deles carregava, cansado e no andar atortemelado. Já não carregavam varas e um livro mas, transportavam correntes sobre a cintura, vestidos de uma batina preta com os pés descalços como a rua. Tocavam as pessoas caídas durante a noite e mortas perante o sacrifício singular; aqueles que permaneceram activos tornavam-se cães que ladraram durante mil e um a noite e são estes que andam por aí.
 
 BUSSULO DOLIVRO


AS OITOS RAZÕES PELAS QUAIS O PREÇO DO PETRÓLEO VOLTE A DE SUBIR



 
Por Nazanín Armanian
 
“Apesar da conspiração entre árabes e americanos para baratear o petróleo e pressionar economicamente a Rússia, Irã e Venezuela, os preços voltam a subir.

Se ainda alguém não sabe, a “Aramco” – a empresa de petróleo da Arábia Saudita, e também a maior do mundo –, até bem pouco tempo, em 1977, se chamava “Arabian American Oil Co.”, sendo de propriedade comum entre a família saudita e várias empresas da Califórnia e do Texas. Por isso, não se pode ficar surpreso se a dupla Washington-Riad tiver algo a ver com a queda brusca dos preços de 115 dólares o barril para 45 dólares entre junho e dezembro passados, levando em conta que o mercado de petróleo não é “livre”: ele é controlado por um cartel chamado OPEP e por grandes empresas petrolíferas ocidentais. E mais, o combustível gorduroso e malcheiroso, antes de tudo, é uma arma que nesse caso foi apontada contra a Rússia, o Irã e a Venezuela com a finalidade de conseguir mudanças em suas políticas via afundamento de suas economias, e ainda resgatar um falecido petrodólar – um dos pilares da hegemonia mundial dos EUA.
No entanto, a festa durou pouco e os promotores da “conspiração Aramco” se deram conta de que os prejuízos dessa queda de preços são maiores do que seus benefícios político-econômicos. Por isso, o preço de venda do petróleo para o mês de março teve uma notável melhora nos três mercados de Brent, dos EUA e da OPEN, oscilando por volta de 59 dólares o barril.

Aqui vão alguns motivos:
1. Os membros dos BRICS, com exceção da Rússia, foram os principais agraciados pela compra de um petróleo barato.
a) China, o principal rival dos EUA e o segundo consumidor mundial de petróleo, bateu seu recorde de importações de petróleo, apesar de seu crescimento econômico ter sido o mais frouxo desde 1990 (mas registrou, no primeiro trimestre de 2014, um crescimento de 7,2%): começou a comprar 6,2 milhões de barris por dia, e acabou o mês de dezembro com 7,2 milhões de barris por dia, injetando-os em sua “Reserva Estratégica de Petróleo” (o armazenamento ocorre para afrontar as emergências, como a interrupção do abastecimento). Com isso, a China não só deixou os EUA nervosos, mas contribuiu para empurrar os preços para o alto, por dois outros fatores: tirar boa parte do excedente de petróleo que nadava no mercado e gerar incerteza sobre seu passo seguinte no mercado.
b) Beneficiou o Brasil, a principal potência rival dos EUA na América, e que agora está decidida a recuperar sua influência no seu “quintal”, e a África do Sul, o principal competidor de Washington na África. Os BRICS decidiram abandonar o dólar em suas transações e criaram um banco com a finalidade de debilitar as instituições financeiras ocidentais. 2. Não conseguir mudar a postura de Moscou nos casos da Ucrânia, Crimeia e Síria. Pois se os setores belicistas ocidentais desferiram o primeiro ataque à Rússia, provocando um golpe de Estado na Ucrânia, levando à surpresa da integração da Crimeia à Federação Russa, eles pensaram que uma drástica queda nos preços do petróleo – triturando o rublo e a economia russa – fosse provocar a rendição do Kremlin. Estratégia ruim, já que o golpe à economia do país eslavo, assim como a dramática guerra da Ucrânia, deixou cerca de 6 mil mortos e milhões de desabrigados, e teve efeito negativo sobre os países europeus aliados de Washington, que enfrentam ameaça de recessão: estão perdendo o mercado russo e também os investimentos, tanto dos magnatas russos como de seu Estado. Na Espanha, por exemplo, os milionários russos estavam comprando prédios inteiros herdados da era da especulação mobiliária. Além disso, é incompreensível que não previssem uma aproximação Moscou-Pequim (sem precedentes após a morte de Stalin) e Moscou-Teerã: os presidentes Vladimir Putin e Hassan Rouhani, que compartilham o sofrimento pelas sanções impostas pelos EUA e seus sócios, assim como pela “Conspiração Aramco”, tiveram quatro encontros em um ano, algo também sem precedentes na história dos dois vizinhos.
3. Quanto ao Irã, não conseguiram pressioná-lo para conseguir mais vantagem nas negociações nucleares em curso e subtrair suas forças na região porque:
a) Teerã não deixou de apoiar o governo de Bashar al-Assad (a Síria representa a profundidade estratégica do Irã enquanto ele, Bashar al-Assad, está no poder), e inclusive já fala abertamente dos generais iranianos que trabalham em solo sírio;

b) nem aceitou o fechamento total de seu programa nuclear, e isso apesar de John Kerry ter lançado um ultimato a Teerã para assinar um acordo político global até o final de março – se não, não retomariam as negociações. O certo é que a administração Obama está muito consciente da luta pelo poder no seio da República Islâmica entre os setores militares – contrários a um acordo com os EUA – e o governo do presidente Rouhani, que tenta, por um lado, driblar as sanções que estão afogando a economia iraniana e, por outro, evitar um confronto bélico (tentou baixar a tensão depois que o míssil israelense matou um general iraniano na Síria, no último dia 20 de janeiro). Se Obama pretende impedir um Irã nuclear, um petróleo com preços no chão, aumentará a tensão social em um Irã monoprodutor e fortalecerá a posição dos céticos e dos setores que querem guerra (assim como EUA e Israel). As medidas de Rouhani diante da manobra da “Aramco” foram incentivar a exportação dos produtos não petrolíferos, investir no turismo, aumentar os impostos, manter os subsídios aos principais produtos de consumo e a ajuda às famílias desfavorecidas, além de uma política externa agressiva na região com um ramo de oliveira nas mãos – que inclui sobretudo os países árabes “inimigos” e membros da OPEP, como Kuwait ou Catar.
4. A perda de centenas de milhões de dólares por parte das grandes empresas petrolíferas ocidentais, como as que operam no Iraque, Líbia, Nigéria, entre outros.
5. O déficit orçamentário gerado pela queda do preço do petróleo criou dificuldades para os xeiques sauditas, em pelo menos estes três cenários:
a) No interior do país: seus orçamentos foram elaborados com base no barril de 72 dólares, e agora se enfrenta aumento importante dos preços dos produtos básicos. Além disso, previu-se, desde a repressão da primavera de 2011, realizar uma série de projetos que melhorariam a vida dos cidadãos – como a construção de moradias, a criação de postos de trabalho, ou a chegada de água e luz a milhões de pessoas que vivem na pobreza absoluta – e que agora estão paralisados.
b) No Egito: a promessa feita em 2011 aos militares encabeçados pelo general Al-Sisi de receber 160 bilhões de dólares anuais, acabaram com a Irmandade Muçulmana do presidente Mohammed Mursi, preso após o golpe de Estado. O que acontecerá no Egito, seu grande aliado contra Irã, se não cumprir?
c) No Iraque e na Síria: dificuldade para pagar os honorários de milhares de jihadistas do Estado Islâmicos e grupos parecidos, cuja missão é acabar com os governos de Damasco e de Bagdá, ambos próximos a Teerã, e arrastar o Irã para uma guerra regional sectária. Desde 2011 até hoje, investiu bilhões de dólares nesses terroristas, com êxito parcial: destruiu o Estado sírio, mas ainda não conseguiu levantar um novo e afim.
6. Nos EUA, dois fatos contribuíram para o aumento dos preços do barril:
a) Os cortes nos investimentos de capital por parte das multinacionais na extração do petróleo de xisto como resposta à queda dos preços. Pois cada barril lhes está custando entre 70 e 80 dólares (diante dos 15-20 dólares no Oriente Médio) e um petróleo por menos desse preço, obviamente, não é rentável. Com isso, nos EUA e no Canadá, cerca de 90 plataformas de exploração fecharam. BP perdeu bilhões de dólares em todo o mundo e planeja reduzir suas atividades de exploração à metade e os investimentos até 20%. A Chevron está em situação parecida.
b) A greve de cerca de 4 mil trabalhadores das empresas Royal Dutch Shell Oil e BP em nove refinarias em Ohio, Califórnia, Kentucky, Texas e Washington, iniciada em 1° de fevereiro. Exigem um convênio coletivo para o setor, a redução do número de trabalhadores não sindicalizados e melhorias nas condições de segurança e saúde, em uma greve que é a primeira dessa envergadura há várias décadas.
7. O aumento da tensão na Líbia e a perda de 800 mil barris em um incêndio.
8. O perigo de instabilidade social em países aliados aos EUA, como Iraque (incluindo seu Curdistão) ou Nigéria, pela queda dos petropreços.
O único e grande triunfo dos EUA e da Arábia Saudita nessa história até o momento foi transformar a OPEP em espectro do que foi entre 1960 e 1990, e não apenas porque sua cota de mercado caiu de 62% para os 30% de hoje, mas porque a Arábia, o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos fizeram uma frente contra pesos pesados da organização, tais como Irã, Iraque, Argélia, Venezuela e Equador.
Os preços do petróleo tocaram fundo. É perfeitamente lógico que o “Naft” (seu nome em persa, e do qual vêm palavras como “naftalina”) não apenas recupere seu preço – que hoje é mais barato do que uma garrafa de bom vinho –, mas também seu valor: é o resultado de milhões de anos do esforço “não renovável” da natureza.”
FONTE: escrito por Nazanín Armanian no portal “Carta Maior” (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/8-razoes-pelas-quais-o-preco-do-petroleo-esta-voltando-a-subir/7/32866).

 









 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

INIMIGOS DA LEITURA




Os ratos da minha casa decidiram na madrugada de hoje assaltar a minha Biblioteca! Fiquei assustado, quando regalei os olhos no único exemplar do meu primeiro livro, que tiveram graciosidade de roer. Se a comunidade internacional não consegue acabar com o grupo rebelde Boko Haram na Nigéria o mesmo não vai se dar para estes iletrados ratos, pois usarei das minhas faculdades satânicas para enviar estes imbecis ao mais profundo vil da ignorância animal.
Raiva!!!

SOMOS FILHOS DE UMA HISTÓRIA

Blog_de-Bussulo-Dolivro-imagem do livro de António Lopes
 

 ANGOLA 1961 “DA BAIXA DE CASSANJE À NAMBUANGONGO”
Hoje acordei sobressaltado a pensar no ano de 1961, que de resto inala-se como sendo um ano trágico para Angola por ter sido marcado por vários acontecimentos violentos, provocando milhares de mortos. Logo vi entre os meus pouquíssimos livros a obra de António Nunes, ANGOLA 1961 “DA BAIXA DE CASSANJE À NAMBUANGONGO” rec...uei a minha memória e soube que em Janeiro, ocorreu uma sublevação na baixa de Cassanje, distrito de Malanje de cariz laboral, incentivada a partir do Congo ex-belga e no dia 4 de Fevereiro, o assalto a estabelecimentos prisionais em Luanda, por grupos de assaltantes de origem diversa.
Decorriam ainda as averiguações para se perceber se havia alguma ligação entre os dois eventos, que nunca foi provada, quando chegou a Luanda a notícia da ocorrência de massacres executados pela UPA (União Popular de Angola) numa vasta área do norte de Angola. O horror chegou “às portas” de Luanda provocando gravíssimos danos psicológicos, em especial sobre a população europeia.
Se o primeiro dos acontecimentos foi rapidamente sufocado e o “4 de Fevereiro” não teria passado de um episódio sangrento, local e com objectivos limitados, os massacres de 15 de Março revelaram-se de uma natureza diferente. Tinham a ver com propósitos de independência por parte de um grupo nacionalista e marcavam o início de uma longa subversiva que haveria de prolongar-se até 25 de Abril de 1974.
Quando realmente desperto de um sono beijado de rosas, estava eu acima das 7h00, o motorista já estava a 1km para esquecer-me e levar uma falta dos homens do RH, mas nem com isto deixei de partilhar um pouco de História, que enriquece qualquer sociedade! Amanhã será feriado, e ouvirei música alta.
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