quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

CRÓNICA-RUAS ALIMENTADAS PELO DIABO

CRÓNICA
Ruas Alimentadas Pelo Diabo
 
Quando não sabia o porquê é que as pessoas deitavam-se mais para a direita invés da esquerda, assim que a noite os convidasse a navagar o subconsciente, os animais egoístas descobriram que os outros “animais” entre eles, alguns insensíveis não são assim tão diferente dos homens.
 
Aquilo que nós realizamos com a ânsia da perfeição têm conclusões animalescas se olharmos, e analisarmos nos erros dos outros a nossa existência como seres feito por um perfeito. As ruas que trilhamos são as mesmas em que cuspimos e limpamos, sujamos e criticamos. Essa noção paira também na cidade dos animais. «Quantas voltas o cão dá para se deitar?». As noites são escuras como claras que conseguimos acertar na boca e no peito delas! No amanhecer as influências biológicas nos situam em milésimos segundos em que bairro está; casa dormimos e a rua esquerda para o regresso. Mas, isto não sucede para todos.
 
As ruas do outro lado, há séculos que o vimos descalços; nus como a língua, mal estruturadas como a pronúncia de um Diabo lançado a ferram para a deriva de quem fez a noite. Para aqueles que o dia é mais uma hora e as noites são momentos propícios para exercitarem a sua forma mais humano. o lixo, buracos como desfiladeiros das termopilas forjadas pelo impulso da arte natural, é evocada sobre aos olhos dos citadinos; a sincronia das sucatas combinam com as velhas paredes molhadas de sangue e secas de ignorância onde é possível para que gatinha nelas divisar as escrituras gritantes como: deus aqui não existe! Onde estas pai natal «acredito ser escrito em épocas festivas ou seja, em Dezembro», fuck you. Escritas avermelhadas que trouxeram-me a memória o pensamento de serem escritas com sangue ou pinchadas por uma outra substancia que inalavam a dois mil anos os macacos das zonas polares. Todo o cuidado é pouco quando se pensa olhar naquelas paredes que gotejam urinas como se fossem fontenários partidas há seculares no azar de não seres o penúltimo a seres sugados por um morcego negro, fossas abertas e nauseabundas, esgotos entupidos onde podemos observar ossos cranianos; costelas e farrapos entre os arames parecendo serem esquecidas por uma civilização desconhecida para o homem actual.
 
Aqui a lei são simples regras que se fundamentam em testemunhos de ter passado nestas ruas homens perfeitamente alienados. As pessoas como os cães andam completamente nus sob a ilusão de um mito que prevalece até aos dias de hoje «quando deus criou Adão e Eva o fez segundo a sua semelhança, nus como deus, então nós somos a sua imagem e semelhança». Observam-se na pele destes uma harmonia de números esteticamente incompreensíveis, que descem aos braços até as pontas das unhas compridas e escuras. As árvores andam cortadas que de noite observam-se folhas, e corpos voadores em ritmos pasmódicos no som de indivíduos desprotegidos pedindo socorro! Não são apenas vozes de mulheres como de homens que rugem no tom de leões nas florestas que impediram alguns ciclos de desenvolvimento e povoação de áfrika, relativamente a outros locais.
 
Tudo começa nas paredes inacabadas e partidas, completamente desenhados dois corpos entram em colisões de forças centrípetas, passam dois iguais não dizem nada. Estes continuam como se fossem envenenados ou feitiçados. A força que sentimos em observar um macho magro quase esquelético a esforçar em gritarias de pois de alguns minutos, pareceu-nos que estivesse a pedir a um ser supremo que o consagrasse um lugar antecipadamente, onde só os imortais não respiram; mas, era tudo o contrário, quando estes sentissem satisfeito do feito inédito para o meu mundo, assim também acabava aí a sua geração. Não pôde constatar se de facto morrem ou são levados por um vento, «até que nestas paragem o vento não uiva», o certo é que o sémen que deita o macho ergue-se pelas paredes e nelas ficam o berro de uma história revelada; já para a fêmea, os cabelos caem e pregam-se entre as paredes, as costelas desligam-se do resto do abdómen e tenta fundir-se com o crânio do macho na tentativa de se criar um novo ser «que é impossível tal suceder durante os mil anos em que dormi nestas ruas» as nádegas voam para o lado oposto das entradas de cada saída, a lua faz dois dias sem nascer e três noites a terra treme e os pássaros voam em sentido contrario da nascente do sol, sem falar das árvores que no amanhecer do quarto dia vertem um líquido bastante pegajoso, que os africanos usam-no para colar utensílios domésticos; os americanos para fazer a sola para o sapato e os asiáticos comem em noites de plenilúnio amargurado.
 
Hoje de manhã constatou que a rua continuava descalça tal como, a encontrei, o costume tornou hábito e já não constitui novidades ver uma cadela a tossir e a última porta deste corredor continuar trancada a sete dias. Os números das portas que não têm paredes ou seja, portas sem casas alternam-se na medida em que a lua permanece três dias sem manifestar-se! E os números que me parecem estampadas no corpo invertem-se num desenho enrolado, que parte do abdómen contorna os rins e o peito e desce por detrás do pescoço com uma abertura bucal, lançando a língua para o risco das nádegas. – Isso não é estranho! Mas, eu vi nestas ruas.
Nas mesmas horas, cinco indivíduos deformados surgiram do nada, transpirando com a língua fora.
 
-ah, ah… nunca voei desta maneira, onde estamos? – Nas ruas do Éden, respondeu o outro, enquanto os três nas mesmas condições masturbavam-se com os olhos mirados a uma árvore seca, no exacto momento em que um líquido pasmódico escorregava de uma das paredes próximo a árvore, transformando-se no entanto, numa fêmea. Olhou despreocupada para a árvore, a ajoelhou e começou a rastejar-se como uma cadela em fase de cio; com os dedos compridos e cabeça calva, picava-se no ano na medida em que os dois últimos arrancavam os seios da mesma.
 
No fundo da rua estavam dois indivíduos curiosamente vestidos de branco e descalços, com a cabeça coberta de pó e um lenço preto sobre os ombros com umas inscrições brancas numa literatura que me pareceu ser uma língua conhecida na idade medieval. Nas mãos carregavam terços de uma imagem esculpida que me pareceu ser mulher lançando uma flecha a estes do cordão que encontrava-se nas destes; uma vara e um livro velhaco vermelho cujo, separador indicava ser usada a minutos, – assustei… não tinham olhos nem bocas! O macho inspirava um ar podre, e expirava moscas, a fêmea. Jogavam as mãos no ar quando abriam as pernas inclinando as costelas e automaticamente os braços para o meio das pernas abertas, num momento em que as vestes brancas tornavam vermelhos e rasgavam-se do corpo que não era na verdade um corpo senão um conjunto de vento que exaustou em segundos, quando ouviram a voz da fêmea que masturba-se de forma gótica a hibernar nos seus ouvidos, no outro lado. Era o fim de um cenário não ensaiado de seres jogados a esquerda de uma civilização pouco estudada, e abandonada sem explicação. Era o doce seco requintado no silêncio de um corpo amargo invertido na mitologia humana; foi o interlúdio de um ensaio desconhecido sob a pele e o coração de homens que não sabiam onde se deitar e caminhar.
 
Em todas as noites de domingo, as luzes prenunciam um cenário festivo; onde os corpos preparam-se para uma imersão noctívaga para refrear os espíritos mais próximos; o barulho dos assobios é forte, as bocas viram para o céu, abertas, gritam nomes do companheiro que estiver ao lado. Observam-se lenhas acesas, fogueiras cada vez mais incandescentes, lubrificando a pele negra de homens nus e mulheres a volta da fogueira dançando sem um ritmo harmonioso. De repente calam-se as vozes e um barulho ruidoso parte das nuvens, aí começa a festa… um Homem-Pássaro branqueado cai dos céus; arrebentam os sons de batuque, mulheres e homens, crianças e idosos cospem um na face do outro até que a saliva lubrifique de forma escorregadia o outro; as mulheres e as crianças rebolam-se na areia, os homens e idosos mastigavam o lume enquanto, o homem de asas mastigava os órgãos sexuais das mulheres mais velhas e nojentas, puxando-as com arrogância, como se estivesse esfomeado a três mil anos antes da terra. O sangue cai sem critério sobre o pescoço, e a vontade de continuar ainda era tanta, quando as mulheres preferiam masturbar-se para atingir a perfeição desta noite com os seus filhos, invés de entregar-se àquele que é o enviado das sombras para renascer as forças malignas enterras e, betumadas nas paredes destas ruas a dois mil anos antes das crónicas de Kaváfis.
 
Nunca faltou bebidas! Mas naquele dia, o esperma de alguns tornava a Amarula humana para a cede de muitos. As crianças bebiam a urina dos seus avós, as fezes borradas no rosto dessas crianças cheiravam tão mal que a mil quilómetros um homem do século XXI morreria de cheiro, e estas eram no fim convidadas a manusear as nádegas do homem que caiu dos céus.
 
Quando a madrugada espreitasse, os homens de vestes brancas surgiam para algumas rezas, mas desta vez vinha de cavalos e uma cruz no qual estava pregada uma mulher de cabelos curtos, seios hirtos, virada as costas da mesma forma que foi pregada, apresentando as nádegas rasgada com espada e furadas com prego. Um deles carregava, cansado e no andar atortemelado. Já não carregavam varas e um livro mas, transportavam correntes sobre a cintura, vestidos de uma batina preta com os pés descalços como a rua. Tocavam as pessoas caídas durante a noite e mortas perante o sacrifício singular; aqueles que permaneceram activos tornavam-se cães que ladraram durante mil e um a noite e são estes que andam por aí.
 
 BUSSULO DOLIVRO


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