quinta-feira, 12 de julho de 2018

O RATO E O CAÇADOR



Antigamente havia um caçador que usava armadilhas, abrindo covas no chão. Ele tinha uma mulher que era cega e fizera com ela três filhos. 
Um dia, quando visitava as suas armadilhas, encontrou-se com um leão: 

        __Bom dia, senhor! Que fazes por aqui no meu território?
__ Ando a ver se as minhas armadilhas apanharam alguma coisa -respondeu o homem. 
__Tu tens de pagar um tributo, pois esta região pertence-me. O primeiro animal que apanhares é teu e o segundo meu e assim sucessivamente. 
O homem concordou e convidou o leão a visitar as armadilhas, uma das quais tinha uma presa ,uma gazela. Conforme o combinado, o animal ficou para o dono das armadilhas. 
Passado algum tempo, o caçador foi visitar os seus  familiares e não voltou no mesmo dia. A mulher, necessitando de carne, resolveu ir ver se alguma das armadilhas tinha presa. Ao tentar encontrar as armadilhas, caiu numa delas com a criança que trazia ao colo. 
O leão que estava à espreita entre os arbustos, viu que a presa era uma pessoa e ficou à espera que o caçador viesse para este lhe entregar o animal, conforme o contrato. 
No dia seguinte, o homem chegou a sua casa e não encontrou nem a mulher nem o filho mais novo. Resolveu, então, seguir as pegadas que a sua mulher tinha deixado, que o guiaram até à zona das armadilhas.   
Quando aí chegou, viu que a presa do dia era a sua mulher e o filho. O leão, lá de longe, exclamou ao ver o homem a aproximar-se: 
__Bom dia amigo! Hoje é a minha vez! A armadilha apanhou dois animais ao mesmo tempo. Já tenho os dentes afiados para os comer! 
__ Amigo leão, conversemos sentados. A presa é a minha mulher e o meu filho. 
__Não quero saber de nada. Hoje a caçada é minha, como rei da selva e conforme o combinado, protestou o leão. 
De súbito, apareceu o rato. 
__Bom dia titios! O que se passa? - Disse o pequeno animal. 
__Este homem está a recusar-se a pagar o seu tributo em carne, segundo o combinado. 


__Titio, se concordaram assim, porque não cumpres? Pode ser a tua mulher ou o teu filho, mas deves entrega-los. Deixa isso e vai-te embora, disse o rato ao homem. 
Muito contrariado, o caçador retirou-se do local da conversa, ficando o rato, a mulher, o filho e o leão. 
__ Ouve, tio leão, nós já convencemos o homem a dar-te as presas. Agora deves-me explicar como é que a mulher foi apanhada. Temos que experimentar como é que esta mulher caiu na armadilha (e levou o leão para perto de outra armadilha). 
Ao fazer a experiência, o leão caiu na armadilha. 
Então, o rato salvou a mulher e o filho, mandando-os para casa. 
A mulher, vendo-se salva de perigo, convidou o rato a ir viver para a sua casa, comendo tudo o que ela e a sua família comiam. 
Foi a partir daqui que o rato passou a viver em casa do homem, roendo tudo quanto existe... 

O HOMEM CHAMADO NAMARASOTHA




Havia um homem que se chamava Namarasotha. Era pobre e andava sempre vestido com farrapos. Um dia foi à caça. Ao chegar ao mato, encontrou uma impala morta. Quando se preparava para assar a carne do animal apareceu um passarinho que lhe disse: 
__ Namarasotha, não se deve comer essa carne. Continua até mais adiante que o que é bom estará lá. 
O homem deixou a carne e continuou a caminhar. Um pouco mais adiante encontrou uma gazela morta. Tentava, novamente, assar a carne quando surgiu um outro passarinho que lhe disse: 
__ Namarasotha, não se deve comer essa carne. Vai sempre andando que encontrarás coisa melhor do que isso. 
Ele obedeceu e continuou a andar até que viu uma casa junto ao caminho. Parou e uma mulher que estava junto da casa chamou-o, mas ele teve medo de se aproximar pois estava muito esfarrapado. 
__Chega aqui!- insistiu a mulher. 
Namarasotha aproximou-se então. 
__ Entra - disse ela. 
Ele não queria entrar porque era pobre. Mas a mulher insistiu e Namarasotha entrou, finalmente. 
__Vai te lavar e veste estas roupas - disse a mulher.
E ele lavou-se e vestiu as calças novas. Em seguida, a mulher declarou: 
__ A partir deste momento esta casa é tua. Tu és o meu marido e passas a ser tu a mandar. 
E Namarasotha ficou, deixando de ser pobre. 
Um certo dia havia uma festa a que tinham de ir. Antes de partirem para a festa, a mulher disse a Namarasotha: 
__ Na festa a que vamos quando dançares não deverás virar-te para trás. 
Namarasotha concordou e lá foram os dois. Na festa bebeu muita cerveja de farinha de mandioca e embriagou-se. Começou a dançar ao ritmo  do batuque. A certa altura a música tornou-se tão animada que ele acabou por se virar. 
E no momento em que se virou, ficou como estava antes de chegar à casa da mulher: pobre e esfarrapado.