quarta-feira, 28 de março de 2018

As senhoras de plástcios (CONTO)

Sacudiu a roupa do fio, e a pingo de quem se mostrava cansada foi almofadando a roupa de seu marido no interior do balde, o mesmo balde que antes recolhera de um aterro sanitário, próximo de sua casa. O pequeno quintal esvaziado de gente, que se acomodavam nele em tempo indeterminado a troco de bombo, fuba, óleo de Jiboia, jinguba e outras benesses, estava isolado em pleno sol de Abril. Os inclinos tinham preterido o local por falta de latrinas e libélulas comestíveis. Estes que não permaneciam por muito tempo, nunca deixaram recados sobre suas insatisfações. Talatona sentia-se mesmo assim, indiferente.

A nostalgia dos tempos em que calcorreava o quintal aos berros de crianças, obrigava-a de vez em quando aguçar suas cordas vocais, para silenciar o mutismo natural dos céus, único limite que ela via, sempre que se desfizesse do sossego do chão húmido de sua casa de chapa, para mergulhar em suas tarefas domésticas. Os contos tradicionais, assimilados, de sua avó, enquanto, deglutiam milho torrado com outras meninas a volta da fogueira na sua cidade natal, Huambo, nasciam desafinados, talvez, por rancor de estar entre as garras de quem não conheceu ou mesmo medo, de voltar a ver sua aldeia, e saber como tudo começou para ela se encontrar jogada num oceano maculado de dor. 


UM CONTO NAO TERMINADO, QUE FARÁ PARTE DO MEU LIVRO. 

terça-feira, 6 de março de 2018

excerto da minha obra literária, dedicada às crianças (texto não corrigido)

– Mãe, quanto custa um carro?
– muito dinheiro meu filho, muito mesmo!
– e um carro de lata, voltou a perguntar o menino
– os carros são feitos de latas meu filho, e custam muito dinheiro, respondeu a mãe do menino.
– Então vou fazer o meu carro, estou cansado de passar as férias em casa, gostaria de viajar, explicou ele.
A mãe que se encontrava a fazer o matabicho pela manhã abandonou a cozinha a fim de certificar com quem realmente estava a falar, pois ela ficou admirada pela forma com que o seu filho a respondeu, cheio de entusiasmo e coragem.
– Menino para arranjares um carro precisas de trabalhar, antes de tudo, porque as coisas não caem dos céus, explicou a mãe.
– Não, mamãe! Respondeu ele, olhando para sua mãe, que estava de mãos abertas bem na entrada da cozinha de boca aberta.

– E então?