domingo, 10 de janeiro de 2010

O ensaio da minha estupidez!

O ensaio da minha estupidez!

(1931 S. Dalí)







Ainda ocultam o olhar aos pés descalços

Feridos e exausto, que caminham só

Que caminhar na incerteza da conquista e do abandono

Cleópatra deste pantanal, vírus que sacode a memoria de malária (…)



Santidade peta proceridade!

O olhar aparta-me mazelas

Porque reprimem o meu preâmbulo? Senão me conheceis?

Das mulheres jogadas à rua; das crianças lançadas ao alheio,

Chamam-me e me servem os restos do diletantismo,

Me ruam e me envergonham em retratos (…)



Fiquem descansados, já não irei incomodar-vos (…)



Detectam na minha composição sanguínea

Os vestígios de um passado atrasado e mal arquitectado!

Que de dia e noite preencheu a razão do vazio,

Na sonolência de bem tagarelar e encornar as cerimonias!



Desisto ensaiando a minha estupidez para os deuses…



Acho que não tenho razões de ouvir os heróis,

Eu sou o objecto da minha entrega, o ensaio da minha

Estupidez! Sou o fundo deste presente, o letreiro sem ângulo,



Sou a palavra onde não tem livro

O livro onde não tem gente, o deserto de água salgada (…)

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