IIº Acto
O ar lá fora estava tenebroso, o sangue na
entrada da cozinha da residência de Mariana tinha cheiro metálico, forte, entorpecente e escorria em todo
lado, os vizinhos, ansiosos sentiam a graça do atrevimento, penetrar a dentro e
ver com os olhos da curiosidade pelo desfecho – Quem matou quem. Uma música abafava
o silêncio.
“”Meu
coração é sábio
Porque
te escolheu para amar
Meus
lábios gênios porque descobriram
Na
tua boca
O
sabor da vida
No
teu ser
A
minha alma gémea
E eu
que julgava saber o que é ser feliz
Lá
veio você me ensinar como um aprendiz
Que
quando se ama
A
gente ri à toa“”
O som em volume máximo era do clássico
internacional angolano, Matias Damásio, acompanhada de lágrimas ao peito,
Mariana, entrou descalça no banheiro, chorou aos soluços e lamentou de todas as
formas, o tempo corria, e o seu chefe, ainda esperava-a no Hotel Vitória para
reunião de sempre.
– Porquê? (…) perguntou aos ventos da casa.
A espuma do
sabonete escorria-lha lentamente do peito abaixo de seu ventre, deitada de
costas no banheiro, Mariana jogou em suspiro a cabeça para trás, e sentiu toda
história de sua vida em um piscar de olho, os músculos, glândula tiróide de seu pescoço perdiam forças. Fechou os olhos para
aliviar os nervos serviçais, ao abrir os olhos sentiu alguém a bater a porta,
ela já estava atrasada. Acorreu para seu quarto, e na biblioteca viu o livro de
Thomas Harris – O silêncio dos inocentes.
“Um livro que narra de
forma brutal o assassinato de cinco mulheres em diferentes locais dos Estados
Unidos. A jovem agente do FBI Clarice Starling consulta o psiquiatra Hannibal
Lecter, internado em um manicômio judiciário, para solucionar os casos e chegar
até o assassino. Hannibal, que possui uma mente psicopata voltada para o crime,
aponta pistas que acabam por envolver Clarice em uma trama mortífera e perigosa,
porém foi o livro de Mozuer Jocand, “Murmúrios do Silêncio” um escritor
angolano, que o chamou atenção”.
– Quem é?
- Perguntou Mariana, para um silêncio sem volta. Parecia ter ouvido alguém a
bater o portão.
Jogou o
livro em sua bolsa e rapidamente aproveitou trocar de roupa, espraiou em seu
decote volumoso o perfume “Yves Saint Laurent” oferecido pelo seu Chefe, durante as férias em Berlim. A
casa estava limpa, e o cadáver de Adão guardado a 13 chaves. O cheiro do sangue
de lugar ao perfume Yves Saint Laurent sentia-se até às janelas da vizinhança.
Mariana abandonou a residência com a chave na ignição do “W Motors Lykan Hypersport – US$ 3,4 milhões
de dólares, Com linhas bem pouco fluídas, mas um perfil aerodinâmico
elevado, o bólido do Oriente Médio não é muito atraente, mas seu luxo e poder o
fazem ser um diferencial entre os super carros.”.
Os putos na banda dizem que Mariana enfeitiçou todas
mamoites só pra subir na vida, e outros a acusam de matar seu próprio pai na
noite das festividades do Efico – “sistema tradicional das comunidades Nhaneca, Humbi, Mucubais,
Kwanhamas no do Sul de Angola que marca a transição das meninas da fase de
adolescente para a adulta” por terem-na encontrado sobre o cadáver do mesmo, e
dias depois Mariana acordara com o corpo cheio de sarna, e os sobas disseram
tratar-se de praga de seu pai. – Não havia outra explicação, até que ela fugiu
de Benguela com Adão, antigo taxista de Luanda.
– Dois minutos depois Mariana gozava os pneus confortáveis
do “W Motors Lykan Hypersport” na Via
Expressa, a uma velocidade de 200h/km. Atras fica, a incerteza do seu regresso
e a descoberta do cenário de um crime, cujas razões a frieza de Mariana pode
dificultar.
O
elevador central do Hotel Vitória estava ocupado, Mariana tem acesso directo a
cava de estacionamento, a passos de glamour, com o corpo imerso num vestido de
gala de 700 mil dólares, fino e restas transparentes desafiava a inercia ocular
dos demais, que se encontravam na sala principal daquele Hotel, o Chefe,
curioso olhou atrás, e sentiu o volume de seus pecados debaixo de seus
testículos. A esferográfica cai da mesa.
– Então,
a que se deve ao atraso, perguntou gentilmente o chefe.
– Tive de
pagar algumas contas de casa, - Mariana suspirou de seguida, retirando o chapéu
francês de cor azul do volume cacheado de seu cabelo.
– Estás
linda, disse o Chefe! – Obrigada respondeu, jogando as pálpebras às nuvens,
dirigindo um olhar para o garçon, como quem pedisse o menu para o prato do dia.
O chefe, Muetunda, consultava o relógio.
Bussulo Dolivro,
25 de Julho, 2019 In, conversas na mesa e palavras entre os lençóis,
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