Sacudiu a roupa do fio, e a pingo de quem se mostrava cansada foi almofadando
a roupa de seu marido no interior do balde, o mesmo balde que antes recolhera de
um aterro sanitário, próximo de sua casa. O pequeno quintal esvaziado de gente,
que se acomodavam nele em tempo indeterminado a troco de bombo, fuba, óleo de
Jiboia, jinguba e outras benesses, estava isolado em pleno sol de Abril. Os
inclinos tinham preterido o local por falta de latrinas e libélulas comestíveis.
Estes que não permaneciam por muito tempo, nunca deixaram recados sobre suas
insatisfações. Talatona sentia-se mesmo assim, indiferente.
A nostalgia dos tempos em que calcorreava o quintal aos berros de crianças,
obrigava-a de vez em quando aguçar suas cordas vocais, para silenciar o mutismo
natural dos céus, único limite que ela via, sempre que se desfizesse do sossego
do chão húmido de sua casa de chapa, para mergulhar em suas tarefas domésticas.
Os contos tradicionais, assimilados, de sua avó, enquanto, deglutiam milho
torrado com outras meninas a volta da fogueira na sua cidade natal, Huambo,
nasciam desafinados, talvez, por rancor de estar entre as garras de quem não
conheceu ou mesmo medo, de voltar a ver sua aldeia, e saber como tudo começou
para ela se encontrar jogada num oceano maculado de dor.
UM CONTO NAO TERMINADO, QUE FARÁ PARTE DO MEU LIVRO.
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