terça-feira, 5 de setembro de 2017

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE A SOCIEDADE DOS SONHADORES INVOLUNTÁRIOS

O Blog Listas Literárias leu A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, de José Eduardo Agualusa publicado por Tusquets Editores; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira: 

1 - Lírico e onírico, A Sociedade dos Sonhadores Involuntários é uma narrativa a ser lida tanto em seu contexto político quanto literário em que os limiares dos gêneros são provocados e quando os sonhos do autor e de suas personagens interligam-se de forma a constituir-se num manifesto político bastante veemente;

2 - Voz contra a ditadura angolana, Agualusa, neste romance irá explicitar seus desejos e sua luta através desta narrativa empenhada que se utiliza dos sonhos e das nuances do gênero fantástico para estruturar seu romance de forte caráter político que tem menos de sátira e mais de manifesto de tal modo que em determinados momentos a militância explícita sobrepõe-se à narração;

3 - No romance, distintos personagens interligados pelos mistérios do sonhar, ao mesmo tempo que trazem ao leitor suas experiências oníricas, paulatinamente vão desnudando o regime de opressão e violência promovido pelo regime autoritário e ditatorial de Angola, cuja ditadura persiste desde 1979. No caso do livro, são os sonhos que aproximam-no do fantástico, contudo, a presença de um neurocientista e das próprias inexatidões confessas tornam tudo mais difuso, de modo que as subjetividades e metáforas ganham valor com tais escolhas;

4 - Essa aproximação ou mesmo imersão ao fantástico e à metáfora, aliás, tem sido uma forma eficiente e recorrente com a qual a literatura tem usado para refletir sobre o totalitarismo e o autoritarismo, como foi o caso de grandes autores brasileiros como Érico Veríssimo e José J. Veiga quando da ditadura militar no Brasil e outros grandes nomes da literatura latino-americana. Através da "suspensão" do real ou a ressignificação desta realidade, como no caso desta obra, podemos então observar as contradições, a violência e o trauma de uma determinada sociedade de modo, que a meu ver, a literatura com tanta eficiência quanto, mas muito mais humana e decente,  torna-se uma forma de luta em nome dos oprimidos e massacrados pelos déspotas, ditadores, tiranos, etc;


5 - Todavia, para um olhar crítico de maior profundidade, diversas complexidades e contradições surgirão a partir de olhares construídos para este romance, como a própria reflexão da intensidade do engajamento de Agualusa e a discussão dos limites em panfletarismo e resistência, pois imerso no drama, o caráter ideológico de tal modo explícito provoca estas discussões. Na verdade, entre a sátira e o fantástico, diferentemente, por exemplo, das obras nacionais que falamos, as quais suas problemáticas eram colocadas por meio de uma grande subjetividade - devido também as restrições da censura -, em A Sociedade dos Sonhadores Involuntários os desejos/sonhos do autor são atirados de forma tão explícita que mais parecem um grito do que a chamada ao pensar; 

1 - Lírico e onírico, A Sociedade dos Sonhadores Involuntários é uma narrativa a ser lida tanto em seu contexto político quanto literário em que os limiares dos gêneros são provocados e quando os sonhos do autor e de suas personagens interligam-se de forma a constituir-se num manifesto político bastante veemente;

2 - Voz contra a ditadura angolana, Agualusa, neste romance irá explicitar seus desejos e sua luta através desta narrativa empenhada que se utiliza dos sonhos e das nuances do gênero fantástico para estruturar seu romance de forte caráter político que tem menos de sátira e mais de manifesto de tal modo que em determinados momentos a militância explícita sobrepõe-se à narração;

3 - No romance, distintos personagens interligados pelos mistérios do sonhar, ao mesmo tempo que trazem ao leitor suas experiências oníricas, paulatinamente vão desnudando o regime de opressão e violência promovido pelo regime autoritário e ditatorial de Angola, cuja ditadura persiste desde 1979. No caso do livro, são os sonhos que aproximam-no do fantástico, contudo, a presença de um neurocientista e das próprias inexatidões confessas tornam tudo mais difuso, de modo que as subjetividades e metáforas ganham valor com tais escolhas;

4 - Essa aproximação ou mesmo imersão ao fantástico e à metáfora, aliás, tem sido uma forma eficiente e recorrente com a qual a literatura tem usado para refletir sobre o totalitarismo e o autoritarismo, como foi o caso de grandes autores brasileiros como Érico Veríssimo e José J. Veiga quando da ditadura militar no Brasil e outros grandes nomes da literatura latino-americana. Através da "suspensão" do real ou a ressignificação desta realidade, como no caso desta obra, podemos então observar as contradições, a violência e o trauma de uma determinada sociedade de modo, que a meu ver, a literatura com tanta eficiência quanto, mas muito mais humana e decente,  torna-se uma forma de luta em nome dos oprimidos e massacrados pelos déspotas, ditadores, tiranos, etc;

5 - Todavia, para um olhar crítico de maior profundidade, diversas complexidades e contradições surgirão a partir de olhares construídos para este romance, como a própria reflexão da intensidade do engajamento de Agualusa e a discussão dos limites em panfletarismo e resistência, pois imerso no drama, o caráter ideológico de tal modo explícito provoca estas discussões. Na verdade, entre a sátira e o fantástico, diferentemente, por exemplo, das obras nacionais que falamos, as quais suas problemáticas eram colocadas por meio de uma grande subjetividade - devido também as restrições da censura -, em A Sociedade dos Sonhadores Involuntários os desejos/sonhos do autor são atirados de forma tão explícita que mais parecem um grito do que a chamada ao pensar;

10 - Enfim, A Sociedade dos Sonhadores Involuntários é uma leitura com muitas entradas e saídas. Com sua prosa envolvente entre o engajamento e a resistência é uma narrativa que certamente deve ser bem vista por leitores curiosos ou mesmo por críticos, de modo que se haverá quem não goste, provavelmente estarão nas fileiras do regime angolano. Do mesmo modo, é portanto uma leitura que nos convida a reflexões para além desta simples avaliação do blog e nos leva a debater questões ainda tão importantes para nossa sociedade, especialmente para os que anseiam por um mundo menos totalitário e autoritário.

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