segunda-feira, 16 de julho de 2018

OS SEGREDOS DA NOSSA CASA





Certo dia, uma mulher estava na cozinha e, ao atiçar a fogueira, deixou cair cinza em cima do seu cão. 
O cão queixou-se: 
__ A senhora, por favor, não me queime! 
Ela ficou muito espantada: um cão a falar! Até parecia mentira... 
Assustada, resolveu bater-lhe com o pau com que mexia a comida. Mas o pau também falou: 
__O cão não me fez mal. Não quero bater-lhe! 
A senhora já não sabia o que fazer e resolveu contar às vizinhas o que se tinha passado com o cão e o pau. 
Mas, quando ia sair de casa a porta, com um ar zangado, avisou-a: 
__Não saias daqui e pensa no que aconteceu. Os segredos da nossa casa não devem ser espalhados pelos vizinhos. 
A senhora percebeu o conselho da porta. Pensou que tudo começara porque tratara mal o seu cão. Então, pediu-lhe desculpa e repartiu o almoço com ele. 

TODOS DEPENDEM DA BOCA...



Certo dia, a boca, com ar vaidoso, perguntou: 
__Embora o corpo seja um só, qual é o órgão mais importante? 

Os olhos responderam: 
__O órgão mais importante somos nós: observamos o que se passa e vemos as coisas. 
__ Somos nós, porque ouvimos - disseram os ouvidos. 
__Estão enganados. Nós é que somos mais importantes,  porque agarramos as coisas - disseram as mãos. 
Mas o coração também tomou a palavra: 
__Então e eu? Eu é que sou importante: faço funcionar todo o corpo! 
__ E eu trago em mim os alimentos! - interveio a barriga. 
__Olha! Importante é aguentar todo o corpo como nós, as pernas, fazemos. 
Estavam nisto quando a mulher trouxe a massa, chamando-os para comer. Então os olhos viram a massa, o coração emocionou-se, a barriga esperou ficar farta, os ouvidos escutavam, as mãos podiam tirar bocados, as pernas  andaram... mas a boca recusou comer. E continuou a recusar. 
Por isso, todos os outros órgãos começaram a ficar sem forças... 
Então a boca voltou a perguntar: 
__Afinal qual é o órgão mais importante no corpo? 
__És tu boca - responderam todos em coro. Tu és o nosso rei! 

UMA IDÉIA TONTA



Um dia a hiena recebeu convite para dois banquetes que se realizavam à mesma hora em duas povoações muito distantes uma da outra. Em qualquer dos festins era abatido um boi, e sabe-se que hiena é especialmente gulosa. 
__Não há dúvida de que tenho de assistir aos dois banquetes, pois não quero desconsiderar os anfitriões. Também as oportunidades de comer carne de boi não são muitas... mas como hei-de fazer, se as festas são em lugares tão distantes um do outro? 
A hiena pensou, pensou... e, de repente, bateu com a mão na testa. 
__Descobri! Afinal é simples... -disse ela, muito contente com a sua esperteza. 
Saiu à pressa de casa. Assim que chegou ao local donde partiam os dois caminhos que levavam aos locais das festas, começou a andar pelo caminho que ficava do lado direito com a perna direita e pelo caminho que ficava do lado esquerdo, com a perna esquerda. 
Pensava chegar deste modo a ambas as festas ao mesmo tempo. Mas começou a ficar admirada de lhe custar tanto caminhar dessa maneira. E fez tanto esforço, que se sentiu dividir em duas de alto a baixo. 
Coitada, lá a levaram ao médico que a proibiu, desde logo, de comer carne de boi durante um mês. 
É muito tonta a hiena! 

quinta-feira, 12 de julho de 2018

O RATO E O CAÇADOR



Antigamente havia um caçador que usava armadilhas, abrindo covas no chão. Ele tinha uma mulher que era cega e fizera com ela três filhos. 
Um dia, quando visitava as suas armadilhas, encontrou-se com um leão: 

        __Bom dia, senhor! Que fazes por aqui no meu território?
__ Ando a ver se as minhas armadilhas apanharam alguma coisa -respondeu o homem. 
__Tu tens de pagar um tributo, pois esta região pertence-me. O primeiro animal que apanhares é teu e o segundo meu e assim sucessivamente. 
O homem concordou e convidou o leão a visitar as armadilhas, uma das quais tinha uma presa ,uma gazela. Conforme o combinado, o animal ficou para o dono das armadilhas. 
Passado algum tempo, o caçador foi visitar os seus  familiares e não voltou no mesmo dia. A mulher, necessitando de carne, resolveu ir ver se alguma das armadilhas tinha presa. Ao tentar encontrar as armadilhas, caiu numa delas com a criança que trazia ao colo. 
O leão que estava à espreita entre os arbustos, viu que a presa era uma pessoa e ficou à espera que o caçador viesse para este lhe entregar o animal, conforme o contrato. 
No dia seguinte, o homem chegou a sua casa e não encontrou nem a mulher nem o filho mais novo. Resolveu, então, seguir as pegadas que a sua mulher tinha deixado, que o guiaram até à zona das armadilhas.   
Quando aí chegou, viu que a presa do dia era a sua mulher e o filho. O leão, lá de longe, exclamou ao ver o homem a aproximar-se: 
__Bom dia amigo! Hoje é a minha vez! A armadilha apanhou dois animais ao mesmo tempo. Já tenho os dentes afiados para os comer! 
__ Amigo leão, conversemos sentados. A presa é a minha mulher e o meu filho. 
__Não quero saber de nada. Hoje a caçada é minha, como rei da selva e conforme o combinado, protestou o leão. 
De súbito, apareceu o rato. 
__Bom dia titios! O que se passa? - Disse o pequeno animal. 
__Este homem está a recusar-se a pagar o seu tributo em carne, segundo o combinado. 


__Titio, se concordaram assim, porque não cumpres? Pode ser a tua mulher ou o teu filho, mas deves entrega-los. Deixa isso e vai-te embora, disse o rato ao homem. 
Muito contrariado, o caçador retirou-se do local da conversa, ficando o rato, a mulher, o filho e o leão. 
__ Ouve, tio leão, nós já convencemos o homem a dar-te as presas. Agora deves-me explicar como é que a mulher foi apanhada. Temos que experimentar como é que esta mulher caiu na armadilha (e levou o leão para perto de outra armadilha). 
Ao fazer a experiência, o leão caiu na armadilha. 
Então, o rato salvou a mulher e o filho, mandando-os para casa. 
A mulher, vendo-se salva de perigo, convidou o rato a ir viver para a sua casa, comendo tudo o que ela e a sua família comiam. 
Foi a partir daqui que o rato passou a viver em casa do homem, roendo tudo quanto existe... 

O HOMEM CHAMADO NAMARASOTHA




Havia um homem que se chamava Namarasotha. Era pobre e andava sempre vestido com farrapos. Um dia foi à caça. Ao chegar ao mato, encontrou uma impala morta. Quando se preparava para assar a carne do animal apareceu um passarinho que lhe disse: 
__ Namarasotha, não se deve comer essa carne. Continua até mais adiante que o que é bom estará lá. 
O homem deixou a carne e continuou a caminhar. Um pouco mais adiante encontrou uma gazela morta. Tentava, novamente, assar a carne quando surgiu um outro passarinho que lhe disse: 
__ Namarasotha, não se deve comer essa carne. Vai sempre andando que encontrarás coisa melhor do que isso. 
Ele obedeceu e continuou a andar até que viu uma casa junto ao caminho. Parou e uma mulher que estava junto da casa chamou-o, mas ele teve medo de se aproximar pois estava muito esfarrapado. 
__Chega aqui!- insistiu a mulher. 
Namarasotha aproximou-se então. 
__ Entra - disse ela. 
Ele não queria entrar porque era pobre. Mas a mulher insistiu e Namarasotha entrou, finalmente. 
__Vai te lavar e veste estas roupas - disse a mulher.
E ele lavou-se e vestiu as calças novas. Em seguida, a mulher declarou: 
__ A partir deste momento esta casa é tua. Tu és o meu marido e passas a ser tu a mandar. 
E Namarasotha ficou, deixando de ser pobre. 
Um certo dia havia uma festa a que tinham de ir. Antes de partirem para a festa, a mulher disse a Namarasotha: 
__ Na festa a que vamos quando dançares não deverás virar-te para trás. 
Namarasotha concordou e lá foram os dois. Na festa bebeu muita cerveja de farinha de mandioca e embriagou-se. Começou a dançar ao ritmo  do batuque. A certa altura a música tornou-se tão animada que ele acabou por se virar. 
E no momento em que se virou, ficou como estava antes de chegar à casa da mulher: pobre e esfarrapado. 


quarta-feira, 11 de julho de 2018

A MENINA QUE NÃO FALAVA


      
        Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto. 

      -Essa nossa filha não fala. Caso consigas faze-la falar, podes casar com ela - responderam os pais da rapariga. 
     O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insulta-la, mas a miúda não chegou a rir e não pronunciou uma só palavra. O rapaz desistiu e foi-se embora. 
     Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna mas, ninguém conseguiu faze-la falar.  O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apareceu junto dos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais responderam: 
    -Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram faze-la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso! 
    O rapaz insistiu e pediu que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam.  O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba,  para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sacha-los. 
    Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:
    -O que estás a fazer? 
     O rapaz começou a rir e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão. 
     Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento. 

A GAZELA E O CARACOL




Uma gazela encontrou um caracol e disse-lhe:
__ Tu, caracol, és incapaz de correr, só te arrastas pelo chão. 
O caracol respondeu: 
__ Vem cá no Domingo e verás! 
O caracol arranjou cem papéis e em cada folha escreveu:
“Quando vier a gazela e disser: caracol, tu respondes com estas palavras: "Eu sou o caracol". Dividiu os papéis pelos seus amigos caracóis dizendo-lhes: 
__ Leiam estes papéis para que saibam o que fazer quando a gazela vier. 
No Domingo a gazela chegou à povoação e encontrou o caracol. Entretanto, este pedira aos seus amigos que se escondessem em todos os caminhos por onde ela passasse, e eles assim fizeram. 
Quando a gazela chegou, disse: 
__ Vamos correr, tu e eu, e tu vais ficar para trás! 
O caracol meteu-se num arbusto, deixando a gazela correr. 
Enquanto esta corria ia chamando: 
__ Caracol! 
E havia sempre um caracol que respondia: 
__ Eu sou o caracol. 
Mas nunca era o mesmo por causa das folhas de papel que foram distribuídas. 
A gazela, por fim, acabou por se deitar, esgotada, morrendo com falta de ar. O caracol venceu, devido à esperteza de ter escrito cem papéis.


CONTO AFRICANO

Escreva a sua história no papél, não deixe que o tempo se esgote no desinteresse da vontade de vencer! Autor: Bussulo Dolivro 


terça-feira, 10 de julho de 2018

A onça e a raposa




A onça estava cansada de ser enganada pela raposa, e mais irritada ainda por não conseguir pegá-la para poder fazer um bom guisado.
      Um dia teve uma idéia: deitou-se na sua toca e fingiu-se de morta.
      Quando os bichos da floresta souberam da novidade, ficaram tão felizes, mas tão felizes que correram na toca da onça para ver se a sua morte era mesmo verdade.

      Afinal de contas, a onça era uma bicho danado!  Vivia dado sustos nos outros animais!  Por isso estavam todos muitos felizes com a noticia de sua morte.
     A raposa porém, ficou desconfiada e como não é boba nem nada,ficou de longe, apreciando a cena. Atrás de todos os animais, ela gritou:
    _ Minha avó quando morreu, espirrou três vezes. Quem tá morto de verdade, tem que espirrar.
      A onça ouviu aquilo e para demonstrar para todos que estava mesmo mortinha da silva, espirrou três vezes.
     - É mentira gente! Ela tá viva!- Gritou a raposa
      Os bichos correram assustados, enquanto a onça levantava furiosa. A raposa fugiu rindo á beça da cara da sua adversária. Mas a onça não desistiu de apanhar a raposa e pensou num plano.
      Havia uma grande seca na floresta, e os bichos para beber água tinham que ir num lago perto da sua toca. Então ela resolveu ficar ali.
      Deitada.Quieta.Esperando...
       Espreitando a raposa dia e noite, sem parar.
       Um dia, irritada e com muita sede, a raposa resolveu dar basta naquela situação. E também elaborou um plano. Lambuzou-se de mel e espalhou um monte de folha seca por seu corpo cobrindo-o todo. Chegando ao lago encontrou a onça. Sua adversária, olhou-a bem e perguntou:
     _ Que bicho é você que eu não conheço?
     Cheia de astúcia, a raposa respondeu:
    _ Sou o bicho folharal!
    _ Então, pode beber água.
     Vendo que a raposa bebia água como se tivesse muita sede, a onça perguntou desconfiada;
    _ Está com muita sede hein!
     Nisso, a água amoleceu o mel e as folhas foram caindo do corpo da raposa.     
      Quando a última folha caiu, a onça descobrindo que foi enganada, pulou sobre ela.Mas nisso, a esperta raposa já tinha fugido rindo às gargalhadas.



segunda-feira, 9 de julho de 2018

O MACACO E O HIPOPÓTAMO



EM uma época muito antiga, quando as bananeiras produziam poucas bananas, existiam numerosos macacos.
Havia um deles chamado Travesso, que morava nas margens do rio.
O macaco Travesso possuía um grupo de bananeiras que lhe proporcionavam frutos suficientes para a sua alimentação, o que lhe trazia satisfação e orgulho porque os seus frutos eram os mais saborosos da região.
No rio habitava o hipopótamo Ra-Ra, que era o rei daquelas paragens.
A corpulência desse animal era notável e tão grande a sua boca, que podia tragar seis macacos de uma só vez.Além disso, gostava imensamente de bananas e, especialmente as da propriedade de Travesso.
Ra-Ra resolveu roubar-lhe as bananas, apesar de não ser um ato muito bonito para um rei.Ordenou então a todos os papagaios que as trouxessem para a sua residência.

Entretanto, o macaco não arredava pé do seu grupo de bananeiras, a fim de impedir que desaparecessem os seus preciosos frutos.
Os papagaios logo encontraram este obstáculo sério e recorreram à astúcia para cumprir as ordens do rei. Após uma conferência de várias horas estudando diversas soluções para resolver eficientemente o problema do roubo, concordaram em dizer ao macaco  que seu irmão estava muito doente e desejava vê-lo.
Quando Travesso recebeu a notícia, bom irmão que era, foi depressa procurar seu irmão doente. Verificou logo que aquilo não era verdade. Seu irmão estava gozando de boa saúde e, suspeitando imediatamente do que se tratava, voltou a toda pressa para perto de suas bananeiras.
Uma surpresa dolorosa o aguardava. Não ficara nem uma banana para semente. Enquanto lamentava sua perda aproximou–se um papagaio, dizendo-lhe:
— Oh!,irmão Travesso! Sabes que Ra-Ra, o hipopótamo, nos obrigou a roubar-te as bananas e depois não nos quis dar uma só!
— Ah! E’ assim? Então espera… Irei à casa de Ra-Ra e tirar-lhe-ei as minhas bananas! — exclamou o macaco.
A serpente, que é um animal invejoso, cheio de defeitos, dos quais o pior é o espírito de intriga, passou por ali por acaso quando o macaco falava e, ato contínuo, foi contar tudo ao hipopótamo.
— Está bem! — disse Ra-Ra. — Em tal caso ordeno ao Travesso que compareça aqui quanto antes.
A Serpente voltou ao lugar em que vivia Travesso e lhe deu a ordem de Ra-Ra, de modo que o macaco se pôs a tremer, pois, não era tão valente como as suas palavras pareciam revelar.
Era preciso obedecer e quando se dispunha a fazer a desagradável visita ao hipopótamo, ocorreu-lhe uma idéia. Preparou com o maior cuidado uma boa quantidade de visgo, a cola que usava para caçar passarinhos, e untou-se com ele muito bem. Feito isto encaminhou-se para a casa de Ra-Ra, à margem do rio.
— Disseram-me — disse-lhe o hipopótamo, ao vê-lo — que ameaçaste de vir recobrar tuas bananas. É certo que o disseste?
— De modo algum, senhor — respondeu Travesso. — Tanto minhas frutas como eu mesmo, estamos à sua disposição.

— Bem, fico muito satisfeito em ouvir estas palavras. Sem dúvida, quiseram fazer intriga e contaram-me essa mentira. Senta-te. Porém, procura fazê-lo de frente para mim e sem tocar em nenhuma das bananas que estão atrás de ti.
Assim fez Travesso, apoiando com força as costas, inteiramente untadas, contra as bananas.
— Disseram-me que sabes muitas histórias. Queres contar-me uma?
O macaco dispôs-se a satisfazer o desejo de seu soberano e lhe contou uma história muito interessante.
Enquanto isso não se esquecia de esfregar o corpo contra as bananas afim de que aderisse às suas costas o maior número delas.Terminado o conto, Ra-Ra disse-lhe:
— Obrigado. Podes sair, mas toma cuidado para saíres de frente para mim. Assim se deve fazer diante de um rei.
Nada podia favorecer melhor o macaco, que estava com as costas cheias das bananas que a elas se haviam colado.
Quando se viu fora da casa do hipopótamo, pôs-se a correr, ocultando-se.
Os papagaios não tardaram a descobrir a astúcia do macaco e foram correndo contar a Ra-Ra.
O hipopótamo, ao tomar conhecimento da notícia, teve tão grande ataque de raiva que virou de barriga para o ar, morrendo instantaneamente.
Então, os animais reuniram-se e, diante da inteligência do macaco, resolveram aclamá-lo soberano.
Ficou muito conhecido por sua esperteza e deram-lhe, então, o nome de Sua Majestade Travesso I, o Esperto.

E o seu governo foi sábio e prudente, durante anos e anos.


O Jabuti e o Leopardo



O jabuti, distraído como sempre, estava voltando apressado para casa . A noite começava a cobrir a floresta com seu manto escuro e o melhor era apertar o passo.
      De repente ...caiu numa armadilha !
Um buraco profundo coberto por folhas de palmeiras que havia sido cavado na trilha, no meio da floresta, pelos caçadores da aldeia para aprisionar os animais.
O jabuti, graças a seu grosso casco, não se machucou na queda, mas...como escapulir dali ? Tinha que encontrar uma solução antes do amanhecer se não quisesse virar sopa para os aldeões...
Estava ainda perdido em seus pensamentos quando um leopardo caiu também na mesma armadilha !!! O jabuti deu um pulo, fingindo ter sido incomodado em seu refúgio, e berrou para o leopardo:
"-Que é isto ? o que está fazendo aqui ? Isto são modos de entrar em minha casa ? Não sabe pedir licença ?!"
E quanto mais gritava. E continuou...
"-Não vê por onde anda ? Não sabe que não gosto de receber visitas a estas horas da noite? Saia já daqui ! Seu pintado mal-educado !!!"
O leopardo bufando de raiva com tal atrevimento, agarrou o jabuti...e com toda a força jogou-o para fora do buraco !
O jabuti, feliz da vida, foi andando para sua casa tranquilamente!
Há! Espantado ficou o leopardo...


COMO SURGIU A GALINHA D”ANGOLA


            Antigamente as aves viviam felizes nos campos e florestas africanas, até que a inveja se instalou entre elas tornando insuportável a convivência.
            Nessa ocasião, quase todos os pássaros passaram a invejar a família do Melro, que era muito bonito. O macho, com sua plumagem negra e seu bico amarelo –alaranjado, despertava em todos a vontade de ser igual a ele. As fêmeas tinha o dorso preto, o peito pardo-escuro, malhado de pardo-claro, e a garganta com manchas esbranquiçadas. Elas causavam inveja maior ainda.
            O Melro, vaidoso, certo de sua beleza, prometeu que se todas as aves o obedecessem usaria seus poderes mágicos e os tornaria negros com plumagem brilhante. Entretanto, os pássaros logo começaram a desobedecê-lo. Então ele, furioso, jurou vingança, rogou-lhes uma praga e deu-lhes cores e aspectos diferentes.
            Para a Galinha D”Angola, disse que seria magra e sentiria fraqueza constante. Fez com que seu corpo se tornasse pintado assim  como o de um leopardo. Dessa forma, seria devorada por aqueles felinos, que não suportariam ver outro animal que tivesse o corpo tão belo, pintado de uma maneira semelhante ao deles. Ela pagaria assim por sua inveja. E foi isso que aconteceu.
            Desde esse dia a Galinha D”Angola, embora seja muito esperta e voe para fugir dos caçadores, vive reclamando to fraca, to fraca. Com suas perninhas magras, foge com seu bando assim que surge algum perigo e é muito difícil alcançá-la. Suas penas, cinzas, brancas ou azuladas, são sempre manchadinhas de escuro tornando as galinhas d”angola belas e cobiçadas.
CONTO AFRICANO 




imagem: OIL ON CANVAS PAINTING DIRECTLY FROM FAMOUS ARTIST LEONID AFREMOV Title: Aura of autumn 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

As duas irmãs


As duas irmãs

Há muito tempo, duas irmãs, Omelumma e Omeluka, adoravam brincar ao ar livre, rir e correr para todo lado. Certo dia, seus pais saíram para a feira que era um pouco longe de casa, e recomendaram:
      - Cuidado com os animais da terra e do mar, porque muitas pessoas já foram levadas pelos monstros. Fiquem dentro de casa e não façam muito barulho. Quando fizerem comida, acendam um fogo pequeno, para que a fumaça não atraia os animais. E, quando secarem os grãos, façam em silêncio, para que os monstros não ouçam. Porém - disse o pai - o mais importante, é que não saiam para brincar com outras crianças. Fiquem dentro de casa.
     As duas concordaram com tudo. Acenaram em despedida quando os pais se afastaram. Ficaram dentro de casa a manhã inteira, mas conforme as horas iam passando, aumentava a sensação de fome. Então, começaram a socar os grãos para fazer uma papa, e aquilo virou logo uma brincadeira. Elas riam e faziam muito barulho. Aí acenderam um grande fogo para que a comida ficasse pronta mais depressa, esquecendo-se da advertência dos pais.
       Após comer até se fartar, as duas viram os amigos brincando no campo e foram correndo brincar com eles.
         Enquanto brincavam, um rugido imenso saiu de dentro da mata e outro veio do mar, aparecendo muitos monstros que cercaram as crianças. Aterrorizadas, as duas correram, mas foram separadas. Os monstros do mar carregaram Omelumma e os da terra Omeluka.
As duas pensaram “ se tivéssemos ouvido nossos pais. Agora seremos devoradas pelos monstros.”
       Porém, eles não as devoraram, mas as venderam como escravas em lugares muito distantes de sua terra. Omelumma foi escolhida por um homem, que comprou-a e casou-se com ela. Omeluka, mais jovem, não teve a mesma sorte. Foi escolhida por um homem cruel, que a comprou, mas a fez de escrava, dando-lhe muitas tarefas dia e noite. (vocês sabem as tarefas das noite, pois não, esssa eu não conto…)
        Passado um tempo ele vendeu-a para um outro homem ainda pior do que ele que a maltratava ainda mais. Assim, passaram-se muitos anos.
         Enquanto isso, Omelumma vivia confortavelmente com o marido e deu à luz seu primeiro filho, um menino. O marido foi ao mercado para encontrar uma escrava que pudesse ajudá-la nas tarefas com o bebê e a irmã, Omeluka, estava lá, para ser vendida.
Assim, ele trouxe Omeluka para ser escrava da irmã, mas ela estava muito mudada, devido aos maus tratos que sofrera e Omelumma não reconheceu-a.
         Todas as manhãs, Omelumma ia para o mercado e entregava o bebê aos cuidados da irmã, deixando também, muitas tarefas para serem realizadas. Omeluka se desdobrava, mas era muito serviço. Quando ia buscar água ou lenha, o bebê ficava em casa, todavia seu choro a trazia rapidamente de volta, e assim não trazia a lenha suficiente. A irmã quando chegava a surrava por não ter cumprido suas ordens, mas se ela deixava o bebê chorando, os vizinhos contavam e ela apanhava do mesmo jeito.



Ela tentou levar o bebê quando ia pegar lenha, mas não deu certo, porque não conseguia fazer o serviço com ele no colo.
        Certa tarde, o bebê só interrompeu o choro, quando ela o colocou no colo e o embalou suavemente. Uma vizinha aproximou-se perguntando por que ela não fazia suas tarefas. Ela ficou com medo de ser denunciada e voltou ao trabalho. Mas o bebê começou a chorar e ela não teve saída senão se sentar e começar a embalá-lo de novo. Não sabendo mais o que fazer, finalmente entoou uma canção:
        Shsh, shsh, bebezinho, não chore mais
        Nossa mãe nos disse para não fazer fogo grande,
        Mas nós fizemos
         Nossa mãe nos disse para não fazer barulho,
        Mas nós fizemos.
        Nosso pai nos disse para não brincar lá fora,
         Mas nós brincamos.
       Então os monstros do mato e do mar nos levaram embora,
       Para muito longe, muito longe!
        E onde pode a minha irmã estar?
       Muito longe, muito longe!
        Shsh, shsh, bebezinho não chore mais.
      
Uma velha que ouviu aquela cantiga, lembrou-se da história que Omelumma lhe contara, há muito tempo, sobre terem sido levadas pelos monstros do mar e da terra. Ela percebeu que a escrava devia ser a irmã de Omelumma, há tanto tempo sumida. Correu até o mercado para contar a novidade à Omelumma.
         No dia seguinte, ela deu várias tarefas à irmã e em seguida saiu, para o mercado. Mas voltou em segredo e viu como a irmã corria de um lado para o outro tentando impedir o bebê de chorar enquanto fazia seu serviço. Finalmente a irmã sentou-se e começou a cantar a canção que a velha escutara.
         Assim que Omelumma ouviu a canção, reconheceu que era sua irmã e, chorando de dor e remorso, chegou perto dela para pedir perdão.
          As duas se abraçaram e choraram juntas. Em seguida Omelumma libertou a irmã, jurou nunca mais maltratar nenhum servo e quando o marido chegou também ficou muito feliz ao saber da novidade. Viveram depois disso, muito felizes.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Estou voltando...”




Um jovem angolano caminhava solitário pela praia. Parou por alguns instantes para agradecer aos deuses por aquele momento milagroso: o deslumbramento de sua terra natal.
O silêncio o fez adormecer em seu âmago, despertando inesperadamente com o bater das ondas sobre as pedras. De repente, surgiram das matas homens estranhos e pálidos que o agarraram e o acorrentaram. Sua coragem e o medo travaram naquele momento uma longa batalha... Ele chamou pelos seus pais e clamou pelo seu Deus. Mas ninguém o ouviu. Subitamente mais e mais rostos estranhos e pálidos se uniram para rirem de sua humilhação. Vendo que não havia saída, o jovem angolano atacou um deles, mas foi impedido por um golpe. Tudo se transformou em trevas.
Um balanço interminável o fez despertar dentro do estômago de uma criatura. Ainda zonzo, ele notou a presença de guerreiros de outras tribos. Todos se demonstraram incrédulos sobre o que estava acontecendo. Seus olhos cheios de medo indagavam. Passos e risos de seus algozes foram ouvidos acima.
Durante a viagem muitos guerreiros morreram, sendo seus corpos lançados ao mar. Dias depois, já em terra firme, ele é tratado e vendido como um animal. Com o coração cheio de “banzo” ele e outros negros foram levados para um engenho bem longe dali. Foram recebidos pelo proprietário e pelo feitor que, com o estalar do seu chicote não precisou expressar uma só palavra.
Um dia, em meio ao trabalho, o jovem angolano fugiu. Mas não foi muito longe; foi capturado por um capitão do mato. Como castigo foi levado ao tronco onde recebeu não duas, mas cinqüenta chibatadas. Seu sangue se uniu ao solo bastardo que não o viu nascer.
Os anos se passaram, mas a sua sede por liberdade era insaciável. Várias vezes foi testemunha dos maus tratos que o senhor aplicava sobre as negras, obrigando-as a se entregarem. Quando uma recusava era imediatamente açoitada pelo seu atrevimento. A Sinhá, desonrada, vingava-se sobre uma delas, mandando que lhe cortassem os mamilos para que não pudesse aleitar.
O jovem angolano não suportando mais aquilo fugiu novamente. No meio do caminho encontrou outros negros fugidos que o conduziram ao topo de uma colina onde uma aldeia fortificada – um quilombo – estava sendo mantida e protegida por escravos.
Ali ele aprendeu a manejar armas e, principalmente a ensinar as crianças o valor da cultura africana. Também foi ali que conheceu a sua esposa, a mãe de seu filho. Com o menino nos braços, ele o ergue diante as estrelas mostrando-o a Olorum, o deus supremo...   
Surgem novos rostos, estranhos e pálidos, mas de coração puro, os abolicionistas. Eram pessoas que há anos vinham lutando pelo fim do cativeiro. Suas pressões surtiram efeito. Leis começaram a vigorar, embora lentamente, para o fim da escravatura: A Lei Eusébio Queiroz; a do Ventre-Livre, a do Sexagenário e, finalmente, a Lei Áurea. A juventude se foi.
O velho angolano agora observa seus netos correndo livremente pelos campos.
Aprenderam com o pai a zelarem pelas velhas tradições e andarem de cabeça erguida.          
         Um dia o velho ouviu o clamor do seu coração: com dificuldade caminhou solitário até a praia. Olhou compenetrado para o horizonte. Agora podia ouvir as vozes de seus pais sendo trazidas pelas ondas do mar.
A noite caiu cobrindo o velho angolano com o seu manto... Os tambores se calaram... No coração do silêncio suas palavras lentamente ecoaram:
 “Estou voltando... Estou voltando...”

A Lua Feiticeira e a Filha que não sabia pilar




A LUA TINHA UMA FILHA BRANCA e em idade de casar. Um dia apareceu-lhe em casa um monhé pedindo a filha em casamento. A lua perguntou-lhe:
— Como pode ser isso, se tu és monhé? Os monhés não comem ratos nem carne de porco e também não apreciam cerveja... Além disso, ela não sabe pilar...
O monhé respondeu:
__ Não vejo impedimento porque, embora eu seja monhé, a menina pode continuar a comer ratos e carne de porco e a beber cerveja... Quanto a não saber pilar, isso também não tem importância, pois as minhas irmãs podem fazê-lo.
A lua, então, respondeu:
__ Se é como dizes, podes levar a minha filha que, quanto ao mais, é boa rapariga.
O monhé levou consigo a menina. Ao chegar a casa foi ter com a sua mãe e fez-lhe saber que a menina com quem tinha casado comia ratos, carne de porco e bebia cerveja, mas que era necessário deixá-la à-vontade naqueles hábitos. Acrescentou também que ela não sabia pilar, mas que as suas irmãs teriam a paciência de suprir essa falta.
Dias depois, o monhé saiu para o mato à caça. Na sua ausência, as irmãs chamaram a rapariga (sua cunhada) para ir pilar com elas para as pedras do rio e esta desatou a chorar.
As irmãs censuraram-na:
__ Então tu pões-te a chorar por te convidarmos a pilar?... Isso não está bem! Tens de aprender porque é trabalho próprio das mulheres.
E, sem mais conversas, pegaram-lhe na mão e conduziram-na ao lugar onde costumavam pilar.
Quando chegaram ao rio puseram-lhe o pilão na frente, entregaram-lhe um maço e ordenaram que pilasse.
A rapariga começou a pilar, mas com uma mágoa tão grande que as lágrimas não paravam de lhe escorrer pela cara. Enquanto pilava ia-se lamentando:
__ Quando estava em casa da minha mãe não costumava pilar...
Ao dizer estas palavras, a rapariga, sempre a pilar e juntamente com o pilão, começou a sumir-se pelo chão abaixo, por entre as pedras que, misteriosamente, se afastavam. E foi mergulhando, mergulhando... até desaparecer.
Ao verem aquele estranho fenômeno, as irmãs do monhé abandonaram os pilões e foram a correr contar à mãe o que acontecera. Esta ficou assustada com a estranha novidade e tinha o coração apertado de receio quando chegou o monhé, seu filho.
Este, ao ouvir o relato do que acontecera à sua mulher, ralhou com as irmãs, censurando-as por não terem cumprido as suas ordens. Apressou-se a ir ter com a lua, sua sogra, para lhe dar conta do desaparecimento da filha.
A lua, muito irritada, disse:
__ A minha filha desapareceu porque não cumpriste o que prometeste. Faz como quiseres, mas a minha filha tem de aparecer!
__ Mas como posso ir ao encontro dela se desapareceu pelo chão abaixo?
A lua mudou, então, de aspecto e, mostrando-se conciliadora, disse:
__ Bom, vou mandar chamar alguns animais para se fazer um remédio que obrigue a minha filha a voltar... Vai para o lugar onde desapareceu a minha filha e espera lá por mim.
O monhé foi-se embora e a lua chamou um criado ordenando:
__ Chama o javali, a pacala, a gazela, o búfalo e o cágado e diz-lhes que compareçam, sem demora, nas pedras do rio onde desapareceu a minha filha.
O criado correu a cumprir as ordens e os animais convidados apressaram-se para chegar ao lugar indicado. A lua também para lá se dirigiu com um cesto de alpista. Quando chegou ao rio, derramou um punhado de alpista numa pedra e ordenou ao porco que moesse.
O porco, enquanto moia, cantou:
__ Eu sou o javali e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
Nesse momento ouviu-se a voz cava da menina que, debaixo do chão, respondia:
__ Não te conheço!
O javali, despeitado, largou a pedra das mãos e afastou-se cabisbaixo. Aproximou-se em seguida a pacala e, enquanto moia, cantou:
__ Eu sou a pacala e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
Ouviu-se novamente a voz da menina que dizia:
__ Não te conheço!
A gazela e o búfalo ajoelharam também junto do moinho, fazendo a sua invocação, mas a menina deu a ambos a mesma resposta:
__ Não te conheço!
Por último, tomou a pedra o cágado e, enquanto moía, cantou:
__ Eu sou o cágado e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
A menina cantou, então, em voz terna e melodiosa:
__ Sim, cágado, à tua voz eu vou aparecer!...
E, pouco a pouco, a menina começou a surgir por entre as pedras do rio, juntamente com o pilão, mas sem pilar. Quando emergiu completamente parou e ficou silenciosa.
Os animais juntaram-se todos, curiosos, à volta da menina.
Então, a lua disse:
__ Agora a minha filha já não pode continuar a ser mulher do monhé pois ele não soube cumprir o que me prometeu. Ela será, daqui para o futuro, mulher do cágado, pois só à sua voz é que ela tornou a aparecer.
Então o cágado levantou a voz dizendo:
__ Estou muito feliz com a menina que acaba de me ser dada em casamento e, como prova da minha satisfação, vou oferecer-lhe um vestido luxuoso que ela vestirá uma só vez, pois durará até ao fim da sua vida.
E, dizendo isto, entregou à menina uma carapaça lindamente trabalhada, igual à sua.
Da ligação do cágado com a filha da lua é que descendem todos os cágados do mundo...

CONTO POPULAR DA GUINÉ-BISSAU – A Origem do Tambor




      Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco.
Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra.    
      Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua.
       Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir.
       A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho.

      O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar.
      A lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio.
        O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse chegado à Terra e cortou a corda.
        O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país.
        A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.


terça-feira, 3 de julho de 2018

Conto africano - A Menina que não Falava


A Menina que não Falava

Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto.
__ Essa nossa filha não fala. Caso consigas fazê-la falar, podes casar com ela, responderam os pais da rapariga.
O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la, mas a miúda não chegou a rir e não pronunciou uma só palavra. O rapaz desistiu e foi-se embora.
Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna mas, ninguém conseguiu fazê-la falar.
O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apareceu junto dos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais responderam:
__ Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê-la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!
O rapaz insistiu e pediu que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam.
O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sachá-los.
Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:
__ O que estás a fazer?
O rapaz começou a rir e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão.
Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento.