quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Conversas Na Mesa E Palavras Entre Os Lençóis - 5º ACTO






No dia seguinte!
Uma chuva miúda saudava cidade, envolta a vergonha do sol, para o espanto de quem nasceu nos tempos das redes sociais, porém o cenário natural não deixava hibernada as asas de pássaros, que das chaminés dos edifícios mais folgados e caducos da Banda abençoavam a continuidade de suas raças.
A poeira amiúde das ruas da periferia obedecia a força das águas de São Pedro, as crianças já não se orgulham dos pingos dos céus, pois encerram suas emoções nos quatro cantos da casa para ver aqueles canais televisivos, que os muda e os transforma em gente. Hoje ninguém vai à escola, essa realidade não é de todos, pois quem não tem permanece nas ruas a contar as viaturas, que passam, se não teve cédula para estudar numa escola pública.  
Furtam-se deste privilégio os filhos do falecido Adão e de Mariana, o primeiro viu o enterro forçado de seu pai, na sala onde gostava de ouvir as histórias de taxistas do seu progenitor, e o segundo, filho de Mariana, ganhará o desamparo da vida, pois a sua cuidadora, irmã de Mariana, que por sinal era também sua mãe, foi assassinada pelo cúmulo de sua necrofilia. Antigamente, um barco sem Caralho, não navegava em águas profundas, hoje a ausência dos pais, é a deriva dos filhos. A TV não substitui quem os nasceu.
Os corpos baleados estavam expostos na esquadra da Elite, trinta e cinco balas foram descarregadas em cinco segundos, — pensa-se ser resultado de uma arma automática e muito moderna.
— É um dissidente da polícia nacional, esteve preso depois de ser capturado e interrogado, esteve foragido da prisão com mais sete indivíduos, que haviam assaltado o Banco Nacional, e parece que foi enviado para reaver o que lhes pertencia, vaticinou um dos peritos, que se encontrava no local do crime.
— Não creio, a não ser que tenha sido ordenado a troco de um vício para matar e levar a térmica consigo.
— O que havia na térmica meu senhor? — Perguntou um perito policial ao último sobrevivente.
— Não… sei, Não sei, gaguejou, ferido.
— Está bem, recolhem as capsulas e outros dados necessários.
Os ataques às esquadras da cidade é uma resposta dura às acções da polícia, principalmente, quando os algozes são atingidos no âmago de suas aventuras, a ideia era interpretada como se fosse uma tentativa de afrontamento directo, porém não se sabe ao certo as razões que levaram ao assassinato de agentes policiais, quando não havia dados criminais, que provocassem essa extremidade.
— É a terceira vez, que meliantes e dissidentes da polícia ferem e matam agentes policiais em sua própria esquadra, a cidade está insegura.
Os moradores da cidade nunca se sentiram seguros, desde a descoberta da máfia, que levou a esperança dos pobres da periferia. — Mariana era solta horas depois de apreendida no aeroporto 4 de Abril, aparentemente abatida, abandonou a sala onde era mantida para breves esclarecimentos.  
— Olá chefe, não deu para embarcar à cidade mitológica chinesa.
— Eu vi a sua borrada na televisão, não haverá dúvidas de que eles voltem a te pegar, procure um lugar secreto para sua sobrevivência!
— Como assim, sobrevivência?
— Somos parceiros na cama e nos negócios, qualquer coisa, que envolva a sobrevivência de um ou de outro devemos não se esqueça do código da máfia italiana — a denúncia é a morte e a perseguição de toda família do oponente, avisou Muetunda, que se encontrava aos banhos de massagens tradicionais sul coreanas na península do Mussulo.
— Não foi por essa razão com que me entreguei, em seus braços Muetunda!
As lágrimas obedeciam o relevo do rosto abaixo de Mariana, já se passaram sete anos desde que conheceu pela primeira vez, o homem de sua vida, hoje defunto, Adão. A imagem de uma menina desolada e enferma de sarna no Lobito assaltou-lha consciência.  
— Não vá para sua casa, procure um lugar seguro, está bem? Avisou Muetunda, — está certo, respondeu ela aos soluços.
O lenço do rosto estava completamente húmido, olhos vermelhos e lábios secos, sentia ela vontade de tocar em algo refrescante, como as mãos suadas de dinheiro de seu chefa!. — Não me abandone, sinto-me em agonia, revelou ela ao telefone.
— Sinto isso, que a necessidade de te manter viva é a vontade engenhosa triunfal do nosso negócio, vou jogar sujo para o meu partido, e preparar-me para que a morte não me supere, ironizou. 
— Então, fique também ao meu lado como sempre pensou, e vamos assumir juntos essas fatalidades.
— É uma suposição, eu tenho família, e durante anos vivi distante deles, por sua causa, eu disse e repito, procure um lugar seguro, antes que nos encontrem, cedo e sem terminarmos o plano.
— Está bem, sabes do paradeiro da térmica com os órgãos?
— Não se preocupe, mandamos um falso alarme para o aeroporto, dentro de minutos teremos o controlo da segurança.
— A polícia está atrás de mim, há cinco minutos, já tentei os despistar, e nada.
— Fique sossegada, depois daquele vídeo, acho que a desconfiança será maior, e todo cuidado é pouco, antes que te apanhem, e te joguem no vale da agonia.
A conversa não terminara, uma interferência foi sentida por Muetunda, quando nos céus daquela península ressurgiram estranhos helicópteros, tão tenebroso, que supera a miragem dos Transformers — A extinção, daquele filme de Michael Bay, protagonizado por Mark Wahberg. Homens mascarados desciam, em direcção ao pátio de uma residência, onde ele apanhava o sol envergonhado.
— Aló, Aló Chefe! Aló.
Muetunda, esquivou-se das massagens para contemplar os homens armados em parada, era um sinal de obediência, não falam nada, o homem levantou, e fez o gesto, indicando que levassem para dentro, uma mala preta com 30 kg de peso.
Mariana hesitou em chegar à casa, quando viu um grupo de homens armados, e carros perfilados, — eram agentes dos Serviços de Investigação Secreta, SIS. Corpos de bombeiros lá estavam, a remover dois corpos enterrados, na sala daquela casa, a de Mariana. — Novamente em minha casa, resmungou, esfregando o rosto para o leste do descontentamento.
Dentro da residência, as máscaras falam por si, o cheiro nauseabundo implicava na exumação dos corpos.
— Estão em decomposição, o que fazemos?
— Comece e termine as investigações no local, antes que destruam o cenário do crime.
— Está bem Comandante!
As ordens estavam dadas, o bairro apinhado de gente, os cochichos tinham palavras, nos ouvidos de quem tentasse saber do sucedido. Miúdos sorrateiros, pálidos de fome e sujos de cuidados domésticos jogavam os olhos na ansia de preencher o tempo.
O bairro chorava de raiva, as pessoas perguntavam, como foi possível isso acontecer. A TV voltava a passar as imagens em Directo, sobre o último vídeo, que exibira no dia anterior, e as rádios já noticiavam, todo mundo estava no pé dos acontecimentos, Mariana estava foragida.
— Dois corpos, senhores, uma jovem e um jovem, aparentemente de 23 e 35 anos de idade.
Quatro homens ligados ao corpo de bombeiros puxavam o saco, em que ambos foram colocados de cócoras.
— Homicídio voluntário, aparentemente, martelados, esfaqueados e asfixiados, acto perpetrado por duas ou mais pessoas. — Na verdade, mariana fê-lo sozinha.
Os corpos possuem os ossos quebrados, não têm olhos, língua, coração, rins, fígados e o homem lhe foi retirado os testículos. Além de outros órgãos em falta.
— Ok! Aparentemente! (…) Prossigam com a análise do material envolta da casa, precisamos nas próximas 24horas dar o resultado de toda essa brincadeira, ouviram? — Sim chefe, sim, camarada chefe, — respondeu obcecado.
A casa de Mariana era revirada, e todos dados recolhidos, até as silhuetas, que se encontravam nas paredes, não escaparam a uma raspadura para análises. A imprudência da mulher levou-lha ao cúmulo da ganância. A polícia ouviu alguns vizinhos, que não pouparam críticas à jovem, que se apresenta como milionária escondida no bairro.
— O celular da dona da residência não chama, parece estar fora de serviço, deu a conhecer um homem do SIS.
— Encontrem o GPS do celular, e a quem fez a última ligação.
No aeroporto 4 de Abril um homem encapuçado passava o sinto de segurança policial, dirigindo-se para o voo 754 programado para o maior aeroporto do mundo, China. O homem carrega em suas, uma térmica, e ninguém sabia como ele conseguiu passar o sistema forte, montado pelos melhores peritos em segurança internacional da cidade.
— Bom dia Sr. Muetunda! Já embarquei.
— Parabéns, a sua família está a salvo, que Deus te paga o dobro.
O homem encapuçado levantou-se do seu banco da área comercial do avião, ajoelhou-se, e disse palavras estranhas em alta voz, e depois (…) se fez explodir…O Boeing estava a sete milhas de distância do aeroporto 4 de Abril, das chamas, nos céus de Luanda, o avião da marca congolesa se desfez no chão com 235 passageiros, algures em Ramiros, sul da cidade.
Trinta minutos depois Mariana estava na península do Mussulo ao lado de Muetunda, que dispensara as mãos da sul coreana em seu corpo.
— Nada de choros, aguente forte, que amanhã o dia será glorioso, persuadiu ele.
— Como glorioso, se me queres fora do jogo?
— Só quero o seu melhor, a sua vida pela frente e o que mais gostas de fazer, viver a liberdade.
Muetunda, tocou-lhe os cabelos, aproximou-se, aproximou-se mais, e falou-lhe coisas aos ouvidos, mariana fechou os olhos, — Estamos na varanda, suas empregadas estão a observar tudo, avisou ela.
— Cale-se.
Muetunda afastou o preto recheado de energias, e apertou forte o peito de Mariana, que gemeu, não se sabia, se era de dor ou o orgasmo prematuro. — Estou molhada.       






Conversas Na Mesa E Palavras Entre Os Lençóis, - 4º ACTO



O frio trazia o orvalho ao longo da Via Expressa, sobre o asfalto o cuidado era necessário para quem se sujeitasse a sua insegurança. Viaturas com os vidros embaciados ofuscavam os reflexos dos motoristas, obrigados a abrandar em espaços baldios, cujo carvão se desfazia da engenharia chinesa.
Muetuda, ainda estava no hotel, animado pelo perfume deixado entre os lençóis, de olhos mirados na TV, que denunciava o roubo de um boeing 777 no aeroporto internacional 4 de Abril. — É ao segundo roubo, m**da, revelou insatisfeito o empresário, quando sentiu o toque do alarme da porta.
— Senhor!... Há polícias lá fora, envolta da sua viatura, avisou uma das jovens, encarregue pelo ambiente dos quartos.
— Está bem, obrigado.
O empresário adivinhou ser necessário sair pelas portas do fundo, mas nunca pensou ser arriscado abandonar a viatura, sem ao menos retirado a térmica onde continham os órgãos humanos, extraídos do corpo do esposo de sua amante e serva laboral, Mariana. A térmica já estava nas mãos de seus detratores, a polícia.
— Comandante! Encontramos a viatura do camarada Muetunda.
— Revistem toda viatura deste saca**a, e tragam todos os arquivos encontrados.
— Há uma térmica, onde contem órgãos, provavelmente de seres humanos, o que fazemos Comandante?
— Tragam como está, e sinalizem a viatura, mas antes bloqueiem-na.
— Está bem, assim o faremos.
Um grupo de bombeiros já se encontrava no local, e junto da polícia organizavam os procedimentos técnicos para recolha de dados, e outras perícias criminais, ademais.
O hotel registou um momento de agitação e caos, houve quem decidisse abandonar o seu apartamento com o medo de pagar a culpa dos prevaricadores, tal como fizeram os 51 turistas estrangeiros, provenientes de Dubai e Moscovo, não hesitaram e regressaram em suas terras de voo, abandonando Comboio Turístico que os trouxera. Muentuda, longe, aparentemente da cabala, a que foi envolvido por um grupo de jornalistas e amigos do seu partido se sentia ignoto, porém um sentimento negativo o exigia pensar em Mariana. Ele farejava o apertar do cerco.
— Apresente-se na Esquadra da Elite para prestar esclarecimentos sobre a térmica encontrada em sua viatura, lia Muetunda na tela do seu smartphone uma sms anónima, —  “É urgente”.
Ele decidiu desviar a marcha para responder a emergência, no local estavam três dos seus amigos do partido, o enviado do Comandante e dois desconhecidos.
— Onde o senhor esteve durante o meio-dia de hoje?
— Trabalhando fora dos meus escritórios (…)  
— Então, agora o senhor integra uma rede de tráfico de seres humanos?
— Desculpem, não sei do que falam? — Ignorou Muetunda, tentando criar um efeito ilusório ao pensamento de seus oponentes.
— Então diga-nos, de quem é a propriedade destes artigos, — Uma térmica era exibida na mesa, tratava-se da mesma a que continham os órgãos humanos.
— Não sei, respondeu ele sem pestanejar.
— O senhor esteva no Hotel Vitória?
— Sim, e porquê?
— Encontramos na sua viatura, que estava estacionada no parque do mesmo Hotel. — Muetunda abriu os braços, como se as informações, que pesavam sobre si fossem supérfluas, do que a realidade a que estava diante de seus traços digitais.
— Isso é irrelevante, qualquer pessoa poderia ter colocado esta térmica na minha viatura, replico, ganhando oxigénio para voar do cenário.
— Está bem, o senhor está livre de momento, voltaremos a comunicar-lhe, quando houver necessidade.
— Está bem, e espero que não atrapalhem o meu processo laboral, disse, abandonando a Esquadra da Elite, fechou com muita força a porta, deixando o pó da porta espraiar na atmosfera.
— Meus senhores investiguem a origem desta térmica a partir de sua marca, quando e onde e quem a comprou, e ai saberemos a verdade, precisamos acabar com esta rede de tráfico de serres humanos, e dar um fim a impunidade nesta cidade.
Mariana, em casa sentia as traqueias de seu coração fora do lugar, o medo, a ansiedade davam lugar a raiva, subiam-na vozes sobre a sua cabeça, e sentia ver sombras de almas perdidas. A imprudência de sua ganância jogava na atmosfera toda pressa, que poderia negar, antes de assassinar o marido, a irmã e se ver em jogo de esquemas perigosos com o seu amante, e chefe da empresa, Muetunda.
— Meus Deus, o que fiz? — Perguntava ela a si mesma, esperando respostas dos deuses, que tardavam chegar.
— Mariana, alguém veio a procura do senhor Adão, gritou uma das vizinhas, bastante amiga de si.
— Ela acorreu ao portão para saber de quem se tratava,
— Eram colegas da frota, e um dos irmãos de Adão, — Caso voltarem diga que ele saiu, e não se sabe quando volta. — Está bem, respondeu a confidente.
Mariana tremia nos dedos, acorreu para o seu quarto, trocou de roupa, e organizou outras numa mala, pegou no seu passaporte e abandonou a casa, sem ao menos trancar as portas, o portão e acionar o alarme, como era de costume. — Dirigiu-se para o aeroporto 4 de Abril, num táxi azul e branco.
Horas depois a polícia estava no mercado Kero, onde a térmica contida órgãos de seres humanos fora comprado nos últimos dois dias, nas imagens estava uma mulher, de 1 metro de 65 de altura, pelas imagens assemelhava-se a Mariana, o produto adquirido no valor de 7 mil kwanzas, na tarde de quinta-feira, balcão 12.
— Alguém sabe o código do cartão que ela usou?
— Somente a gerência pode fornecer os dados.
Tratava-se do cartão de Muetunda.
— E quem é a mulher?
— Provavelmente uma empregada.
— Não, acho que ela é parente de Mariana, a secretária de Muetunda.
— Sério? — Sim, só pode, pela aparência, ninguém duvidaria.  
— Vão atrás do homem, e se possível tragam-na até a esquadra da Elite.
— Está bem senhor.
 As câmaras do Kero facilitavam as diligências policiais.
Por volta das 18horas a polícia cercava a residência de Mariana, enquanto, outros, a dentro reviravam tudo, procurando provas associadas.
— Senhor! Encontramos as fotografias da senhora que fez a compra da térmica, e inclusive os recibos.
— Muito bem, tragam tudo, e quem encontrarem por lá, e depois seguem para o aeroporto, para saberem mais sobre o voo N844AA AFA, roubado.
A casa desfeita (…) roupa, louça e outros meios dispersos ao acaso imobiliários não chamou ao espírito investigativo outras razões ocultas naquela casa, a polícia abandonou a mesma, sem questionar o sangue encontrado em alguns pertences, e a quantidade de terra no centro dela, mas levou consigo um garfo ensanguentado.
Já no aeroporto, as câmaras impediam que Mariana seguisse para China.
— Desculpe! A senhora não deve abandonar o país, avisou uma funcionária, gorda e de um ar mau humorada, que ligou de imediato à polícia.
— Quais as razões? Perguntou ela.
— A senhora a olhou de cima abaixo, e cuspiu de lado, antes de dizer — Há uma investigação em que a senhora deve responder. — Mariana suspirou, cansada, decidiu sentar ao invés de berrar contra o pessoal aeroportuário, como normalmente faz.
A polícia chegava, e pediu que ela seguisse. Mariana olhou em sua volta como se perdesse a inercia de seu estado emocional, e curvou-se às ordens das fardas azuis. Ainda no aeroporto, começavam as interrogações.
— A Senhora conhece esta fotografia? — Era exibida a imagem de sua irmã, numa foto tirada na China em 2009.
— Sim, é minha irmã!
— Sabes o que ela fez durante as últimas 24h, e onde se encontra neste momento?
— Não, não sei.
— Tens a certeza? — Sim, Confirmas que não a viu e nem sabe o que ela fez? — Mariana decidiu responder com um silêncio.
— A senhora pode dificultar a situação a que se meteu, caso não colaborar connosco, persuadiu um dos agentes.
— Não sei do que se trata!
— Foi encontrado em sua casa, artigos ensanguentados, e a sua irmã comprou esta térmica, que está nesta foto, e nela contém órgãos de seres humanos, e a mesma estava na viatura de Muetunda. — Conheces Muetunda, minha senhora?
— Sim, conheço.
— Onde esteve ao meio dia de hoje?
— A trabalhar!
— Nos seus escritórios ou fora?
— Em minha casa.
Mariana estava a mentir. (…)
“A Polícia alertava a aguarda fronteira do país a não permitirem a saída de uma cidade, que se encontra nas imagens” — Um vídeo era exibido pela TV, mostrando uma mulher a enterrar dois corpos dentro de sua casa.
“A mulher em causa ainda não foi identificada, tal como os dois corpos, nem o autor das gravações, mas a polícia já domina o caso”. Encerrava o breakNews.
Mariana assistia o excerto na TV e percebeu que se tratava de sua casa. — Era ela nas imagens O vídeo flagrado pelo seu enteado, já estava circular pelo mundo, Mariana sentiu o coração a sair pela boca.
Ainda no mesmo instante davam a conhecer pela TV a o assassinato de quatro policiais por um desconhecido, que encontrou na Esquadra da Elite, e levou consigo uma térmica, não se sabe o que havia por dentro. “Há além destes 12 feridos graves”.
Muetunda estava na ilha do Mussulo, dentro de um dos seus barcos luxuosos organizando os pensamentos, enquanto, uma modelo sul coreana a massageava o seu corpo todo, e ao lado um prato recheado de energia para o seu estômago.     




Bussulo Dolivro, 29 de Julho, 2019 In, Conversas Na Mesa E Palavras Entre Os Lençóis,
 
  






quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Conversas Na Mesa E Palavras Entre Os Lençóis, - IIIº ACTO






– Estás com um ar estranho Mariana, diga-me o que se passa, adiantou Muentunda, que ao mesmo de si, era visível uma derrota psicológica em seu semblante.
– Não se preocupe, as coisas estão a caminhar bem, só preciso de relaxar, tomar um sumo e esquecer algumas coisas, adiantou ela.
– Quem deve esquecer sou eu! – Diga-me o que se passa meu chefe, Mariana lançou suas mãos geladas no ombro de Muentuda, subiu até as traseiras de suas orelhas e introduziu suavemente seus dedos no norte parental, causando uma sensação de conforto e alívio.
– É disso, que preciso Mariana! você conhece meu estado emocional, Muentunda lançou por terra sua ansiedade, antes que revelasse, a chave de suas preocupações.
– A empresa pode ser confiscada pelo executivo (…)
– Porquê?
– 99% do capital de investido é derivado do fundo do estado angolano,
– E o que tem de errado nessa história?
– É que os restantes dos falsos accionistas foram apanhados numa rede de tráfico de seres humanos, e há um jornalista a investigar minha vida, – Quer dizer nossa vida? – Sim, acenou Muetunda.
– E tem algo amais? – Sim, tem, o fracasso dos projectos do meu partido estão a ser associados a minha nova vida, como se desviasse o desenvolvimento do país.
- Himm!
Mariana sentiu um calor a escorrer no colo da Costela, na porção achatada que se estende lateralmente à cabeça, jogou as mãos à cabeça, procurando desanuviar instantaneamente a dor, enquanto Muetunda, lambia os lábios, como se terminassem todas ideias, mas ressentia em seus pulmões o volume incógnito de uma completa ansiedade.
– Mas as falhas são tantas assim?
– Ai tens a listas dos projectos que podem me custar a vida, vê com os seus próprios olhos. (…) Muetunda, jogou aos braços de Mariana os arquivos pelos quais é julgado, e que podem comprometer seu partido nas próximas eleições.

-Água para todos. (Falhou)
-Centralidades. (Falhou)
-Auto-Estradas (Falhou)
-Iluminação das Vias (Falhou)
-Operação Resgate (Falhou)
-Recolha de lixo paga (Falhou)
-Estradas Nacionais (Falhou)
-Papagro (Falhou)
-Repatriamento de Capitais (Falhou)
-Restruturação do BPC (Falhou)
-Requalificação das vias secundárias de Luanda (Falhou)
-Requalificação dos Municpios Sambizanga, Rangel e Cazenga (Falhou)
-Caminhos de Ferro (Falhou)
-Transportes públicos e mobilidade urbana (Falhou)
-Novo aeroporto (Falhou, secundo o novo governo)
-Centrais de logísticas. (Falhou)
-Manutenção e gestão dos estádios de Futebol pós CAN (Falhou)
-Desarmamento da população civil (Ao que se vê também falhou)
- Mas essa é a lista que está circular no watshapp,?
- Sim, e o comité já teve acesso. Os meus detratores estão atentos, agora querem a minha cabeça, por isso pedi que chegasses cá para encontrarmos uma saída, antes que perco tudo, e te vejo nos braços de outro canalho.

Mariana jogou o cabelo para trás, posicionou-se melhor na mesa, como se aguardasse por uma resposta dos deuses, e disse, – O que fiz é muito, vou contigo até ao fim do mundo.
– Trouxeste o que pedi?
– Sim, está no porta-malas da viatura.
– Mataste a sangue frio, como mandam as regras?
– Não poderia ser de outra forma, os órgãos estão frescos e prontos para implante, transfusão e doação, vamos usar o mercado negro?
– Aguarde as orientações, tenho três compradores na lista.
– Não serão iguais os anteriores?
– Creio que não, um deles prometeu dar 540 milhões de dólares em dinheiro vivo pelos rins.
– Sério?
– Verdade (…)
– Então fechamos o negócio com este, enquanto esperamos o desfecho do processo em que estás envolvido.
– Está bem, agora quero tocar a Seda do seu vestido, e reconhecer a qualidade da sua alma.

Mariana fechou os olhos, e sentiu apressadamente o orgasmo a vencer-lhe a fala, lá o Garçon vinha, antes que chegasse foi orientado (…)
– Leve este prato para o quarto nº 13 do último andar, o jovem acenou com a cabeça. – Certo.

Duas horas depois Mariana abandonava o Hotel Vitória, em direcção à casa para enterrar o corpo de seu marido, bem no centro da sua sala, pois os vizinhos ainda estavam de ouvidos na atmosfera para ouvir e de olhos no portão para ver quem sai e entrasse. Ao entrar em sua casa, assombrou-se ao ver sua irmã sobre o cadáver de seu marido.
– Minha irmã, os seus ataques voltaram? Perguntou aos gritos Mariana ao ver sua irmã em extasse sobre o falecido. Satisfeita olhou de gozo aos céus do teto da casa, e sorriu, deixando cair de prazer seu corpo, totalmente nú a esquerda do cadáver.
Mariana enraivecida e sem pensar duas vezes jogou a maceta de 20 kilos a um punho veloz de 15 km/h para cabeça da irmã, morreu naquele instante, perdeu a vida, os últimos sinas foram os movimentos bruscos dos pés, os olhos saltaram da cara. 
– Porras, sua puta dos mortos.

“A necrofilia é uma das piores doenças. Uma patologia grave por trás do comportamento. A motivação da origem disso, via de regra, é relacionada a algum problema de infância e trauma passando pela questão sexual. É o principal ponto”. A irmã de Mariana era necrófila do tipo comum, quando o paciente mantém relações sexuais com um cadáver.
 – Agora tenho de enterrar os dois, disse pra si mesma Mariana, que durante três horas aos ouvidos dos vizinhos cavou uma buraco de dois metros de profundidade e dois de largura, embrulhou os dois corpos e introduziu a dentro, cobrindo com areia e um tapete vermelho.
A janela estava aberta, e uma das crianças, a que fugiu pelas portas do fundo, (quando ainda troçava o seu marido)  por sinal seu enteado, filho do falecido estava a apreciar todo cenário, contendo as lágrimas e os sussurros.
- Porras! Mariana Jogou-se cansada sobre o fardo, quando viu alguém a abandonar a janela (no mesmos instantes alguém bateu o portão de sua casa, e parece que ela não ouviu) sem forças tentou espreitar, meteu as mãos a cabeça, de boca aberta. As coisas já estavam feitas.  

Bussulo Dolivro, 29 de Julho, 2019 In, Conversas Na Mesa E Palavras Entre Os Lençóis,




sexta-feira, 26 de julho de 2019

conversas na mesa e palavras entre os lençóis Acto II



IIº Acto


O ar lá fora estava tenebroso, o sangue na entrada da cozinha da residência de Mariana tinha cheiro metálico, forte, entorpecente e escorria em todo lado, os vizinhos, ansiosos sentiam a graça do atrevimento, penetrar a dentro e ver com os olhos da curiosidade pelo desfecho – Quem matou quem. Uma música abafava o silêncio.

“”Meu coração é sábio
Porque te escolheu para amar
Meus lábios gênios porque descobriram
Na tua boca
O sabor da vida
No teu ser
A minha alma gémea
E eu que julgava saber o que é ser feliz
Lá veio você me ensinar como um aprendiz
Que quando se ama
A gente ri à toa“”

O som em volume máximo era do clássico internacional angolano, Matias Damásio, acompanhada de lágrimas ao peito, Mariana, entrou descalça no banheiro, chorou aos soluços e lamentou de todas as formas, o tempo corria, e o seu chefe, ainda esperava-a no Hotel Vitória para reunião de sempre.

– Porquê? (…) perguntou aos ventos da casa.  
A espuma do sabonete escorria-lha lentamente do peito abaixo de seu ventre, deitada de costas no banheiro, Mariana jogou em suspiro a cabeça para trás, e sentiu toda história de sua vida em um piscar de olho, os músculos, glândula tiróide de seu pescoço perdiam forças. Fechou os olhos para aliviar os nervos serviçais, ao abrir os olhos sentiu alguém a bater a porta, ela já estava atrasada. Acorreu para seu quarto, e na biblioteca viu o livro de Thomas Harris – O silêncio dos inocentes.

“Um livro que narra de forma brutal o assassinato de cinco mulheres em diferentes locais dos Estados Unidos. A jovem agente do FBI Clarice Starling consulta o psiquiatra Hannibal Lecter, internado em um manicômio judiciário, para solucionar os casos e chegar até o assassino. Hannibal, que possui uma mente psicopata voltada para o crime, aponta pistas que acabam por envolver Clarice em uma trama mortífera e perigosa, porém foi o livro de Mozuer Jocand, “Murmúrios do Silêncio” um escritor angolano, que o chamou atenção”.

– Quem é? - Perguntou Mariana, para um silêncio sem volta. Parecia ter ouvido alguém a bater o portão.

Jogou o livro em sua bolsa e rapidamente aproveitou trocar de roupa, espraiou em seu decote volumoso o perfume “Yves Saint Laurent” oferecido pelo seu Chefe, durante as férias em Berlim. A casa estava limpa, e o cadáver de Adão guardado a 13 chaves. O cheiro do sangue de lugar ao perfume Yves Saint Laurent sentia-se até às janelas da vizinhança. Mariana abandonou a residência com a chave na ignição do “W Motors Lykan Hypersport – US$ 3,4 milhões de dólares, Com linhas bem pouco fluídas, mas um perfil aerodinâmico elevado, o bólido do Oriente Médio não é muito atraente, mas seu luxo e poder o fazem ser um diferencial entre os super carros.”.

Os putos na banda dizem que Mariana enfeitiçou todas mamoites só pra subir na vida, e outros a acusam de matar seu próprio pai na noite das festividades do Efico – “sistema tradicional das comunidades Nhaneca, Humbi, Mucubais, Kwanhamas no do Sul de Angola que marca a transição das meninas da fase de adolescente para a adulta” por terem-na encontrado sobre o cadáver do mesmo, e dias depois Mariana acordara com o corpo cheio de sarna, e os sobas disseram tratar-se de praga de seu pai. – Não havia outra explicação, até que ela fugiu de Benguela com Adão, antigo taxista de Luanda.
 – Dois minutos depois Mariana gozava os pneus confortáveis do “W Motors Lykan Hypersport” na Via Expressa, a uma velocidade de 200h/km. Atras fica, a incerteza do seu regresso e a descoberta do cenário de um crime, cujas razões a frieza de Mariana pode dificultar.

O elevador central do Hotel Vitória estava ocupado, Mariana tem acesso directo a cava de estacionamento, a passos de glamour, com o corpo imerso num vestido de gala de 700 mil dólares, fino e restas transparentes desafiava a inercia ocular dos demais, que se encontravam na sala principal daquele Hotel, o Chefe, curioso olhou atrás, e sentiu o volume de seus pecados debaixo de seus testículos. A esferográfica cai da mesa.

– Então, a que se deve ao atraso, perguntou gentilmente o chefe.
– Tive de pagar algumas contas de casa, - Mariana suspirou de seguida, retirando o chapéu francês de cor azul do volume cacheado de seu cabelo.
 – Estás linda, disse o Chefe! – Obrigada respondeu, jogando as pálpebras às nuvens, dirigindo um olhar para o garçon, como quem pedisse o menu para o prato do dia. O chefe, Muetunda, consultava o relógio. 

  
Bussulo Dolivro, 25 de Julho, 2019 In, conversas na mesa e palavras entre os lençóis,

quinta-feira, 25 de julho de 2019

conversas na mesa e palavras entre os lençóis - Iº Acto



- Este sábado vou almoçar fora de casa Adão,
- Com quem Mariana?
- Com o meu chefe! Ele exigiu, que o acompanhasse para fazer um breve relatório do novo software ligado ao IVA.
- O software do JLO, aquele do FMI ?
- Sim, este mesmo, Adão.
- Não importa, os preços estão cada vez mais altos nos armazéns, daqui a pouco enterrar as pessoas será difícil, e onde será o almoço?
- No hotel Vitória, no lugar de sempre Adão, por quê a pergunta?
- Sou seu marido, e tenho todo direito de saber, esqueceste ? Adão inclinou a garrafa de álcool que assegurava a tranquilidade do seu dia.
- Não, não esqueci, só pensei que voltarias a me proibir, como dá última vez, e não imaginas como ficou minha imagem na empresa!
- E se eu não permitisse que fosses a essa merda de reunião (°°°)
Mariana sentiu o batom a negar-lhe as pétalas de seus dedos, com as quais deslizava em seus longos e grossos lábios, feitos orquidias, as pálpebras de seu rosto balançaram de um lado para outro.
Uma instantânea vontade de gritar encerrou seu ânimo, e pensou forçar uma cabeçada bem ao centro do espelhos, que reflectia seu rosto oval, mas a energia que nascia dos pulmões a tornava frágil. O calendário marcava 13 de Abril, sexta-feira, a chuva caiu torrente no dia anterior, e muitas empresas viram seus escritórios inundados!
Adão aproximou-se dela, caminhando ao efeito do álcool, a tortemelado. Mariana sentiu os rasgos paços e o peso corporal de alguém atrás de si, a sombra do seu marido invadou-lha as emoções, cabisbaixa, tentava procurar instintos de defesa, pois vaticinava ela, que as coisas não seriam fáceis naquele instante, no fundo do corredor, o predador carregava uma garrafa de Maruvo de 45 mililitros, Adão parecia perder os reflexos, quando negou arrojar as paredes com uma das mãos para arremessar a garrafa contra o corpo esbelto de Mariana.
- Ah! Meu Deus, esquivou por acaso ela, esbugalhando os olhos de medo, os cacos da arma já haviam se estilhaçado em todo corredor.
- Sua filha da p**tá, vadia de me**da.
Mariana mulher flexível empurrou-lhe para outro lado do corredor, sentenciando sua imobilidade, estava ele sem norte a procura de equilíbrio no vazio do brusco empurrão.
- Sai seu bruxo, vai morrer longe, logrou ela, desfazendo-se do ambiente arruínavel para os filhos, que acabavam de acordar!
- Mama quero comé, pediu ainda sonolento o enteado de Adão, único filho de Mariana, sem se importar pelo pedido, Mariana jogou o puto pelas janelas, enquanto o outro, filho de Adão saiu pela portas dos fundos a gritar. Mariana enviou uma SMS a sua irmã, que viesse a buscar!
- Achas que és mulher suficiente Mariana? Levantava ele do chão, lentamente, tal e qual o efeito do álcool no sangue.
- Sim, sou mulher seu bêbado de merda, Matumbo.
- Matumbo Eu?, estás a gozar desse seu mestrado ba-ra-ra-ra-,to?
- Sim, estou ao contrário de si.
- Mas foi eu quem te deu oportunidade, como me chamas de Matumbo?
A hora do encontro de Mariana com o seu chefe estava a esfumar-se. Adão tentava arrumar seu estado corporal, e encontrar motivos emocionais para equilibrar seu discurso perante aquela mulher, que aparentava descarrilar toda história cultivada com o quarto homem de sua vida.
O celular de Mariana estava a vibrar, no écrã, - Meu Chefe!
- Quando estavas em Benguela, cheia de sarna, fui o único homem que te deu importância, hoje me chamas de quê?... - Ah meu Deus! Mariana sentiu o peso de Adão sobre os seus cabelos, a peruca estava nas mãos dele! Mas as tranças ficaram intactas, embora, desfiadas.
Ela armou-se de coragem, fechou as portas e as janelas, enquanto, Adão soluçava da embriaguez, observando a peruca de Mariana em suas mãos.
- Filha da P***tá - desabafou de raiva, seguindo a esposa, que terminava de encerrar as janelas, para afrontar seu esposo.
- Seu bicho, hoje vais me conhecer, driblou um ataque verbal, quando Adão se procurava para o próximo ataque.
O celular de Mariana voltou a tocar, era Yosefe Mwetunda, seu chefe. Ela voltou a não perceber a ligação, pois o celular estava em modo silêncio
Era a trigésima terceira luta em doze anos de vivência em comunhão de bens.
Maria, na cozinha ferveu água, e reservou uma faca de dois gumes no seu quadril. - Vou te matar, juro por Deus, e por todos meus pecados! - mordeu os lábios de raiva.
Lá fora as galinhas sacudiam-se das capoeiras, os cães ladravam e outros em estado de cio, puxavam os fios para o seu lado. Os vizinhos, ouviam e sussurravam da linguagem grosseira, que nas serpentinas das janelas procuravam asas.
Duas horas de luta, a casa estava desfeita, tela partida, frigoríficos jogados ao chão, instalação eléctrica arrancada da parede, louça partida e uma botija de gás foi vista a sair pelo teto. Reina um silêncio tenebroso.
O sangue, já se via em todo chão, procurando veias para dar vida!
O celular de Mariana voltou a vibrar, pela terceira vez, e desta alguém atendeu, e desligou no mesmo instante, preferindo enviar uma SMS, - já estou a caminho, peça o prato que eu adoro!


Bussulo Dolivro, 24 de Julho, 2019
In, conversas na mesa e palavras entre os lençóis

quinta-feira, 16 de maio de 2019

LEIA AS HISTÓRIAS ALHEIAS




Você é a minha coragem,
Esperança e luz

Antes de esquecer alguém
Em sua vida, ensine a suportar
A dor, antes que a vingança
Se insurja e passe a ser o
Sofrimento de quem deixamos!

Você não leu as histórias dos outros,
Por isso criaste um ninho de
Arrependimento em si,

Venha abafar as notas do meu diário,
Limpe o perfume desta angustia,
Você não aprendeu nada na vida,
Senão machucar e se arrepender !